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políticas de inclusão racial a imagem mostra um homem jovem e negro conduzindo uma reunião de trabalho

Políticas de inclusão racial: como empresas podem tomar ações concretas?

Maio de 2020 foi um mês marcado por protestos antirracistas, que iniciaram nas ruas dos Estados Unidos e ecoaram em todo o mundo. A onda de manifestações trouxe a pauta sobre políticas de inclusão racial à tona, tanto no âmbito das relações sociais, quanto à nível profissional, exigindo o posicionamento de marcas e empresas a respeito da causa. 

Somado ao movimento Black Lives Matter, a pandemia causada pelo novo coronavírus também evidencia os problemas estruturais da sociedade, já que em momentos de crise econômica questões como o racismo, a desigualdade de gênero e a desigualdade social se intensificam. Mais do que nunca, é esperada uma reavaliação na cultura das empresas para lidar com as diferenças e tomar ações concretas contra o preconceito.   

Racismo estrutural em dados: por que esse é um problema urgente a ser resolvido? 

Apesar da inclusão de minorias permear o setor de RH de algumas empresas, o mercado de trabalho ainda precisa evoluir muito nesse sentido. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) contínua do IBGE, 56,10% das pessoas se declaram negras no Brasil, sendo que 54,9% representavam a maior parte da força de trabalho no país em 2018, movimentando cerca de R$1,6 trilhão por ano. 

Em outro relatório do IBGE, que levantou informações sobre as Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, ligadas à distribuição de renda, qualidade de vida, representação política e trabalho, os dados também chamam a atenção. A proporção de pretos e pardos entre as pessoas desocupadas e subocupadas, correspondiam a 64,2% das pessoas que não tinham emprego.

A pesquisa ainda aponta que menos de 30% dos cargos de liderança do mercado são ocupados por pessoas negras. Já outro estudo, realizado pelo Instituto Ethos, mostrou que os negros ocupam apenas 4,9% das cadeiras nos Conselhos de Administração das 500 empresas de maior faturamento do país. Entre os quadros executivos, eles são 4,7%. Na gerência, apenas 6,3% dos trabalhadores são negros.

Todos esses números só reforçam a urgência para que gestores e empresas comecem a agir proativamente, assumindo uma postura antirracista, em combate à discriminação estrutural que ainda é a realidade do mercado. A pergunta é: por onde começar a implementar políticas de inclusão racial? 

Políticas de inclusão racial: iniciativas para apoiar e se inspirar

Ainda segundo a pesquisa que mapeou as desigualdades sociais por raça, pela primeira vez, em 2018, os estudantes negros (pretos ou pardos) passaram a ser maioria dos inscritos nas instituições de ensino superior da rede pública do Brasil. 

Apesar da boa notícia, outros dados já mencionados demonstram a dificuldade de ascensão profissional, por isso, as empresas têm um papel fundamental na construção de uma nova identidade na gestão. Nesse caminho, algumas iniciativas estão surgindo ou ganhando espaço novamente. 

Uma delas vem do Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), em parceria com o Sistema B, que lançou um documento que funciona como um manifesto de comprometimento público, enumerando diretrizes que devem ser seguidas como forma de lutar contra o racismo estrutural. O documento “Seja Antirracista” pode ser assinado por pessoas e empresas que buscam assumir o compromisso de lutar contra o racismo institucional. Segundo o site, mais de 300 empresas já assinaram o documento.

Outra ação que é referência para a implementação e o aprimoramento de políticas públicas é a Coalizão Empresarial Nacional sobre Equidade de Gênero e Raça, criada pelo Instituto Ethos e outros parceiros. O projeto mistura debates, troca de experiências e práticas empresariais para superar a discriminação de gênero e raça nas organizações. 

Na TREE, também desenvolvemos programas, que começam na sensibilização e no rompimento de vieses implícitos relacionados à raça, até programas de mentoria e sponsorship para o desenvolvimento de lideranças negras dentro das organizações.

Empresas, chegou a hora de agir!

Mesmo com as pequenas melhorias em termos de inclusão social ao longo dos anos, o Brasil continua sendo um dos países mais desiguais do mundo. Para reverter a situação do racismo nas empresas, iniciativas podem ser criadas para estimular a promoção da diversidade nas equipes. Selecionamos quatro medidas para aplicar já!

Engajamento das lideranças

Em primeiro lugar, os gestores das empresas devem reconhecer a importância das práticas de inclusão racial para o crescimento, relevância e potencial criativo do negócio. Após esse entendimento é preciso se engajar de fato em prol da diversidade e da inclusão.

Educação Antirracista

Diversidade e inclusão precisam ser um pilar importante na educação corporativa. E, dentro da temática de inclusão racial, deve-se envolver todo o time em programas de sensibilização e informação.

Programas de empregabilidade

É papel do RH criar novas oportunidades de contratação e ampliar a participação de candidatos negros nos processos seletivos. Além disso, é também função do setor trabalhar na retenção e no desenvolvimento da equipe com treinamentos e mentorias, abordando temas como empatia, cultura étnica e diversidade.

Mais do que ter um time diverso, é importante que todos entendam a importância de incluir realmente pessoas negras na organização. E isso significa dar as ferramentas para que possam chegar aos cargos de liderança.

Divulgação de políticas e práticas

A empresa precisa comunicar claramente quais são suas políticas de inclusão, estabelecendo condutas de comunicação interna e linguagem.

Com ferramentas como cartilhas e treinamentos, pode-se incluir termos considerados preconceituosos e determinar boas práticas para uma comunicação inclusiva e não-violenta. Desta maneira, fica claro para todos que o racismo é um comportamento não tolerado na organização.  

Criação de grupos de afinidade e comitês

É uma ação de representatividade, que traz insumos para a implementação de projetos realmente diversos, criados de forma participativa com pessoas que têm lugar de fala. 

Os comitês de diversidade têm sido instrumentos importantes para que muitas organizações descentralizem as ações de Diversidade e Inclusão, permitindo que elas ganhem alcance e força para promover a transformação de cultura.

Na TREE, nós acreditamos que a diversidade e a inclusão são essenciais na identidade das empresas que vão fazer alguma diferença no futuro, potencializando a sociedade e criando marcas com propósitos genuínos. 

Quais dessas ações você já está aplicando no seu negócio?