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Como avançar com a Diversidade em Conselhos de Administração?

Recentemente o Nubank anunciou a entrada da cantora e empresária Anitta para seu Conselho de Administração. Tal fato furou bolhas e levou a pauta da diversidade em conselhos para diversos ambientes. 

A entrada de Anitta é um avanço em termos de representatividade, pois, como você verá logo mais, a presença de mulheres, pessoas LGBTI+ e pessoas não brancas nos conselhos brasileiros ainda é pequena. 

Homem de terno sentado no escritório

Conselhos de Administração são as esferas máximas de grandes empresas, organizações ou multinacionais. Eles podem ser tanto consultivos, onde os conselheiros aconselham e orientam as decisões dos líderes e diretores; quanto deliberativos, onde eles determinam as diretrizes da organização. 

Embora estejam presentes em empresas privadas, organizações do Terceiro Setor e empresas públicas, ainda são poucos os conselhos existentes no Brasil: menos de 200, segundo as principais pesquisas. 

Apesar do número pequeno, os conselhos representam as principais empresas do país e servem de referência em políticas empresariais para outras que estão em crescimento. 

Embora possamos notar avanços ao longo dos anos –  o número de mulheres em conselhos dobrou nos últimos seis anos, de 7% para 14% -, ainda há um importante caminho a ser trilhado. 

Falta de diversidade em profissões emergentes

Segundo um relatório do Fórum Econômico Mundial, um dos principais desafios para a manutenção dessa desigualdade é a sub-representação de pessoas diversas em profissões emergentes (computação em nuvem, dados, inteligência artificial e outras).

A conclusão alcançada por um levantamento do Linkedin foi semelhante. No Brasil, das 15 carreiras mapeadas como as que apresentam maior potencial, 11 estão ligadas à tecnologia da informação. A presença feminina na computação em nuvem, por exemplo, era de apenas 14% ao redor do mundo, sendo de 5% no Brasil.

Presença de mulheres em Conselhos no Brasil e no mundo

De acordo com a consultoria Korn Ferry, em 2020, em um universo de 81 empresas de destaque no país, a presença feminina em conselhos era de apenas 14%. Embora pouco expressivo, o número dobrou nos últimos seis anos: antes era de 7%. 

Ainda, a  pesquisa também identificou que apenas 3 mulheres eram presidentes de conselhos de administração. Algo muito aquém da realidade de outros países. 

Segundo a Deloitte, os países com maior participação feminina em conselhos eram Noruega, França, Suécia e Finlândia. A Noruega, principal caso de sucesso, tinha 41% de participação feminina em 2018. A principal razão para isso acontecer foi uma política de cotas, existente desde 2005, onde 40% dos assentos devem ser destinados às mulheres.

A França seguiu o mesmo caminho e em 2017 aprovou sua própria política de cotas, também reservando 40% das posições às mulheres. Hoje em dia possui cerca de 43% de mulheres compondo conselhos nas principais empresas da bolsa de valores.

As cotas, entretanto, não são o único caminho. É o caso de países como Suécia, Finlândia e Nova Zelândia, que adotaram outras medidas – mais ligadas à sensibilização – e aumentaram a participação feminina nos conselhos.

Felizmente a pauta tem avançado mais nos últimos anos, após a ONU inserir a equidade de gênero como um dos objetivos da Agenda 2030. Contudo, o desafio para a inclusão plena ainda é grande. 

Diversidade de gênero no conselho e sua relação com resultados financeiros e transparência

Este foi o tema do estudo apresentado pela sócia da TREE, Letícia Rodrigues, para o Programa de Mestrado Profissional em Gestão para a Competitividade da FGV.  De acordo com Letícia, “o estudo pretendeu ser um dos primeiros a trazer evidências sobre a associação entre a diversidade de gênero no conselho de administração e o ESG disclosure das empresas brasileiras.”
Acesse o estudo e aprofunde-se mais no assunto.

Presença de pessoa pretas, pessoas com deficiência e LGBTI+ em conselhos brasileiros

Ainda são poucas as pesquisas envolvendo presença de outros grupos minorizados em conselhos de administração. 

Para além do tema ser recente nas discussões do ecossistema de diversidade, a representatividade desses grupos é ínfima, chegando a ser até mesmo nula em alguns casos. 

Pessoas negras em conselhos brasileiros

Segundo um levantamento do IBDEE realizado em 2021 com as principais empresas brasileiras, a presença de pessoas negras (pretas e pardas) em conselhos era de apenas 2%.

De acordo com o levantamento, os conselhos de empresas familiares eram os que mais contavam com pessoas negras, seguidos pelos de empresas estatais e organizações do Terceiro Setor. 

Pessoas com Deficiência em conselhos

O mesmo levantamento também apontou que Pessoas com Deficiência representam 0,7% do total de 408 cadeiras das 61 organizações escutadas. 

Ainda, somente conselhos de organizações familiares tinham Pessoas com Deficiência em seu board. 

Pessoas da comunidade LGBTI+ em conselhos de administração

Por fim, a pesquisa descobriu que a comunidade LGBTI+ era a menos representada, com 0,2% do total. 

O único conselho que possuía uma pessoa LGBTI+ em seu quadro era o de uma instituição do Terceiro Setor.

 

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Por que investir em Diversidade nos Conselhos?

Em nosso blog você encontra uma série de artigos sobre o ganho atrelado ao investimento em diversidade, como times mais criativos e inovadores,  clima organizacional mais saudável e aumento na retenção dos funcionários.

Para além dos ganhos indiretos, há também um importante retorno financeiro. Segundo um estudo da McKinsey, se a igualdade de gênero fosse alcançada em todo o mundo em 10 anos (2015 a 2025), o ganho de produtividade seria de US$ 28 trilhões de dólares.

Mas quais são os ganhos advindos do investimento em Diversidade nos Conselhos? 

Ainda não existem pesquisas com resultados concretos, porém fica claro que teríamos um avanço mais concreto na agenda da diversidade.

Quando as cadeiras dos tomadores de decisão são ocupadas por pessoas que entendem e já viveram certos desafios, a tomada de decisão é mais acelerada e os projetos saem do papel com mais agilidade.

Avanços no tema

Apesar da pouca representatividade, aos poucos estamos caminhando. Segundo o relatório Conselho de Administração: Prioridades para a agenda de 2021, lançado pela KPMG, uma das principais consultorias do mercado mundial,  os conselhos devem se “questionar se a empresa está fazendo o suficiente para promover mudanças reais e duradouras no combate ao preconceito sistêmico e ao racismo”. 


Também já avançamos no pilar de certificações. Hoje já existem selos como o WOB – Women On Board, para empresas que têm 2 ou mais mulheres em conselho.

Sua empresa tem um conselho? Ele é diverso?

Qual é o status de diversidade da empresa que você atua? Deixe seu comentário neste post e vamos começar uma conversa sobre esse tema? Para que ele avance, precisamos antes pautá-lo em conversas e espaços de discussão.