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Comunicação Não-Violenta em Diversidade, Equidade e Inclusão

Uma pesquisa recente indicou que 54% dos 500 profissionais de RH ouvidos em todo o País acreditam que a segurança psicológica será um dos principais indicadores de recursos humanos no futuro. A pesquisa surge em um ótimo momento, pois um dos pilares mais importantes de um ambiente emocionalmente saudável é uma comunicação inclusiva e não violenta.

Por isso, neste artigo você entende a relação entre Diversidade, Equidade e Inclusão e Comunicação Não-Violenta, além de dicas práticas e valiosas para você adotar em seu dia a dia, e construir ambientes com segurança psicológica pautados no respeito e acolhimento.

O que é Comunicação Não-Violenta

A Comunicação Não-Violenta (CNV) é uma abordagem que visa promover relações pacíficas, objetivas e pautadas no respeito. Ela entende que todo ataque ou violência verbal é, na realidade, uma necessidade não expressada.

Ao adotá-la, a pessoa deixa de lado ataques e defesas que não contribuem para a resolução do problema ou desafio tratado, e propõe uma conversa sincera, respeitosa e focada na resolução daquele impasse, já que ela tem como premissa a expressão das necessidades.

Quem criou a CNV?

A CNV foi criada e sistematizada pelo psicólogo estadunidense Marshall Rosenberg, nos anos 1970, e vem sendo difundida desde então em livros, palestras e cursos. 

Marshall, que faleceu em 2015, era doutor em psicologia clínica e foi mediador de conflitos, inclusive de guerra. Ele era natural de Detroit, uma cidade marcada pela violência social e racial, onde percebeu que ambos os grupos envolvidos nos conflitos buscavam por liberdade, autonomia e reconhecimento, o que o fez perceber que todas as necessidades humanas são universais.

Ele afirmava que “toda violência é a expressão trágica ou dramática de uma necessidade que não está sendo atendida”. Diante disso, o modelo criado por ele visa justamente oferecer apoio para que as pessoas consigam expressar, seja em ambientes profissionais ou pessoais, suas necessidades e sentimentos. 

Saiba mais
Conheça o livro “Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais”, de Marshall Rosenberg.

Pilares da Comunicação Não-Violenta

A CNV conta com dois pilares: empatia e autenticidade.

A empatia diz respeito à pessoa escutar a outra com intenção de se conectar, não de responder; e à capacidade de entender que a lente que a outra enxerga o mundo será diferente da sua. 

Já a autenticidade, por sua vez, é a capacidade de expressar nossos sentimentos e necessidades de forma construtiva, além de reconhecer quem somos ao invés de tentar ser outra pessoa. 

Brené Brown fala sobre outra característica essencial para a CNV: a vulnerabilidade.
Confira!

Metáfora do chacal e da girafa na CNV

Ao desenvolver seu estudo, Marshall Rosenberg chegou a uma metáfora que nos auxilia a entender a CNV no dia a dia. 

Enquanto a comunicação violenta pode ser exemplificada pelo chacal, um animal da família das raposas que é agressivo e possui um uivo estridente. Sua linguagem na CNV é marcada pela crítica, julgamento e agressividade.

A girafa, por outro lado, é a metáfora para a comunicação não-violenta. Por ter um pescoço alto, é capaz de enxergar melhor seu entorno; e por ser o mamífero com o maior coração na fauna,  seu coração tem que ser 43 vezes mais forte do que o de um ser humano para fazer com que o sangue chegue à cabeça. Ela é usada por Marshall para ilustrar pessoas que têm visão sistêmica e coração empático.

Qual a relação entre Comunicação Não-Violenta (CNV) e Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I)?

Uma comunicação inclusiva e não violenta é essencial em DE&I. Afinal, a linguagem tem poder de inclusão ou exclusão. Não há como alguém ser inclusivo em suas relações profissionais sem adotar uma comunicação livre de julgamentos e violência. 

Outro ponto muito importante sobre a CNV, é entender que a violência não acontece somente na fala. Ao ficar em silêncio ou fazer um ‘cochicho’ com outra pessoa, por exemplo, aquela pessoa pode estar sendo violenta. 

Além disso, ela não evitará ou acabará com os conflitos, pois eles são parte de relações de trabalho e podem, inclusive, promover um ‘desconforto positivo’ que promoverá inovação ou mudanças. Ao invés disso, ela ajudará as pessoas a lidarem com eles e desenvolverem maior musculatura emocional.
Para Letícia Rodrigues, sócia-fundadora da Tree Diversidade, “as pessoas acham que a comunicação não violenta tem a ver com a questão da violência física, com xingamentos, com falar mais alto. Violência não é só isso. Podemos ser violentos de outras formas. Quando ignoramos uma pessoa, quando a gente faz silêncio, tudo isso pode ser uma forma de violência. Então, é preciso entender a violência em sua integralidade para compreender como ela afeta o ambiente de trabalho.”

Diferença entre comunicação violenta e violência

As comunicações no mundo do trabalho, em geral, tendem a ser agressivas – como as pressões por atingimento de metas. Mas é importante você ter claro a diferença entre uma linguagem violenta e uma violência (racista, LGBTfobica, capacitista e afins).

Por isso, o ideal é que as organizações tenham um código de conduta e comportamentos não tolerados. Dessa forma é possível identificar de forma mais clara o que é criminoso e o que é violento.

Treinamento corporativo sobre Comunicação Não-Violenta

A Tree conta com um treinamento sobre CNV em seu catálogo de treinamentos.

Ele aborda 4 pilares:
• Definição de comunicação;

• Apresentação de tipos de comunicação;

• Aprofundamento em comunicação assertiva, inclusiva e não violenta;

• Dinâmicas para uso de cada técnica em diferentes situações.

Solicite seu orçamento e leve este treinamento para sua equipe! 

Como aplicar a Comunicação Não-Violenta no mercado de trabalho?

A CNV é uma ferramenta que vem sendo utilizada há anos por organizações para tratar conflitos e promover ambientes seguros. 

Ela pode ser utilizada no dia a dia, como metodologia utilizada nos feedbacks e avaliações de desempenho, ou por lideranças em momentos de dificuldade. Foi o caso de uma CEO que aplicou treinamentos de CNV às lideranças da organização quando teve que realizar um processo de demissão em massa. Segundo Luciana Rodrigues, esta ação garantiu respeito, mesmo todo o processo tendo sido dolorido.

 A Comunicação Não-Violenta pode auxiliar empresas e organizações de diferentes formas: 

  1. Facilitar o entendimento das necessidades de quem está se comunicando;
  2. Auxiliar na expressão das necessidades de quem se comunica;
  3. Promover uma observação sem julgamentos;
  4. Ser uma ferramenta de ganha-ganha: ao pensar no outro, as duas partes saem ganhando e não existe o sentimento de ‘vitória’.

Quais são os 4 passos da Comunicação Não-Violenta?

Ao expressar um feedback alinhado à CNV, você deve seguir os 4 passos abaixo:

Observe a situação

Adote uma visão sistêmica (ou seja, olhe com o ‘pescoço da girafa’) e entenda os fatos da situação que aconteceu. 

Entenda o sentimento envolvido

Em seguida, reflita sobre o sentimento que aquela situação lhe causou. Os mais comuns podem ser medo, insegurança, vergonha, culpa ou confusão.

Isso ajudará você a entender que a responsabilidade pelos sentimentos é sua e evitará que você se coloque como vítima daquela situação.

Dica valiosa
Recomendamos cuidado com os “pseudo sentimentos”, como desprezo, desrespeito, mágoa e afins. Você pode tê-los sentido, mas ao trazê-los em um feedback você acaba colocando a culpa na outra pessoa, o que não é correto.

Por isso, traga sentimentos que sejam seus, como alívio, animação, motivação, desapontamento, culpa ou confusão.

Entenda sua(s) necessidade(s)

Como dito anteriormente, Marshall afirmava que a violência é uma expressão de uma necessidade que não está sendo atendida.

Logo, nesta etapa você deve refletir sobre o que você precisa e não está sendo atendido pela outra pessoa. 

Faça seu(s) pedido(s)

Após a análise da situação, do impacto em você e do que você precisa, é hora de formular o pedido à outra pessoa. 

O que você gostaria que ela fizesse para atender às suas necessidades? A dica aqui é que seu pedido seja prático e tangível. 

Exercício prático de Comunicação Não-Violenta

Hora do exercício prático!

A partir dos 4 passos explicados acima, agora chegou a hora de você praticar. A partir da fórmula disposta abaixo, busque formular um feedback não-violento. 

Quando você (observação), eu me sinto (sentimento), porque eu espero/preciso que (necessidade). Eu gostaria que (pedido)

Exemplo de feedback com CNV

A partir da fórmula anterior, confira um exemplo cotidiano de como utilizar a CNV.

Quando você faz follow-up a cada hora sobre o status do trabalho (observação), eu me sinto sufocada (sentimento), porque eu preciso me concentrar e responder essas mensagens tira o meu foco (necessidade). Eu gostaria que você diminuísse um pouco essas cobranças para que eu me sinta mais confortável e focada em entregar o que foi solicitado (pedido).

Este exemplo foi usado em nosso Treinamento pocket e gratuito sobre Comunicação Não-Violenta. Inscreva-se, assista e aprenda mais sobre como utilizar esta técnica no seu dia a dia. 

https://materiais.treediversidade.com.br/treinamento-fundamentos-da-comunicacao-nao-violenta