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Como fazer entrevistas às cegas e eliminar vieses inconscientes?

ma entrevista de emprego a não ser o preconceito e o viés inconsciente de que uma mulher mãe não performa igual a uma mulher sem filhos. 

Em cenários como este, muitas organizações adotam uma modalidade de recrutamento chamada “entrevista às cegas”, onde um ou mais itens do perfil da pessoa são omitidos a fim de evitar uma discriminação inconsciente. 
Mas, afinal, como fazer entrevistas às cegas e eliminar vieses inconscientes? É o que te contamos neste artigo!

O que são vieses inconscientes?

Vieses inconscientes são ideias preconceituosas incorporadas ao nosso dia a dia, baseadas em estereótipos de gênero, raça, classe, orientação sexual, idade etc, a partir de nossos aprendizados. 

Esses preconceitos, que são naturalizados pelo nosso cérebro, acabam se tornando julgamentos e padrões de ações que irão se repetir de forma automatizada. 

Exemplos de viés inconsciente no trabalho 

Alabe Nujara, Head de Internacionalização e Políticas Públicas do Instituto Guetto, conta que uma vez, quando atuava para uma multinacional francesa, as pessoas ficavam surpresas, ao conhecê-lo, por ele ser negro. Isso acontecia uma vez que imaginavam que a pessoa que falava com elas de forma fluente em francês e inglês era um homem branco.

Outro caso é o de Acácio Moreira, educador físico que pediu demissão por não suportar a pressão do seu chefe por causa de sua tatuagem. Segundo ele, o chefe, por questões religiosas, passou a criticar as tatuagens e dizer “que estava vendo o demônio falando com ele”.

No primeiro caso, o viés inconsciente está em imaginar que ser fluente em dois idiomas é algo esperado a uma pessoa branca. No segundo, por sua vez, o viés religioso acabou gerando uma prática de assédio moral. 

Como combater os vieses inconscientes?

O conhecimento é a principal forma. Entender a origem desses preconceitos internalizados é essencial para a mudança de comportamento. 

Com o conhecimento aprendido, é hora de colocar em prática. Nesse sentido, a pessoa pode fazer exercícios mentais de manter-se atenta ao que fala e pensa; questionar-se ao fazer um juízo de valor; além de compartilhar seus conhecimentos com outras pessoas, a fim de levar adiante o que aprendeu. 

A Tree conta com um treinamento completo em vieses inconscientes que pode auxiliar as pessoas colaboradoras da sua organização a aprenderem sobre o tema. Confira os temas abordados na palestra. 

• O que são os vieses inconscientes;

• Como e por que eles se manifestam com base em aspectos da neurociência;

• Tipos de vises inconscientes, onde e como aparecem nas organizações;

• Teste de associação implícita para mostrar que todos têm vieses;

• Impactos no cotidiano, falas e comportamentos enviesados;

• Como romper com os vieses inconscientes e desenviesar processos – dicas práticas.

Como realizar um recrutamento e seleção mais inclusivo?

A entrevista às cegas é apenas uma etapa de um R&S mais inclusivo. Abaixo você encontra boas práticas de como realizá-la. Antes, entretanto, compartilhamos um checklist com ações inclusivas para sua organização adotar no momento de seleção. 

Seja intencional
Para alcançar grupos minorizados e historicamente marginalizados é preciso ir além e buscar de forma intencional estes talentos. Ou seja, sinalizar o desejo em contratar essas pessoas nas descrições de vagas, além de divulgar em canais de comunicação comumente acessados por essas comunidades.

Acessibilidade
Durante a entrevista, pense na acessibilidade física, caso seja presencial, e de processos, caso seja virtual. Gabrielle Ramos, uma mulher com autismo, por exemplo, comenta que “quando os processos seletivos forem adaptados para autistas, não vão faltar pessoas para ocupar as vagas no mercado”. Na entrevista ela cita a realização de reuniões mais curtas e o não uso de metáforas como boas práticas que podem ser adotadas. 


Portanto, mapeie as mudanças necessárias e coloque-as em prática.

Revisão das descrições de vaga
Você sabia que 95% das pessoas brasileiras não possuem conhecimento necessário para comunicação ou compreensão da língua inglesa? É o que apontou uma pesquisa recente do Consulado Britânico no Brasil. Segundo o levantamento, entre as que falam, a maioria é branca e vem das classes mais altas.

A fluência em determinado idioma é realmente um requisito? Ela pode desenvolver seu conhecimento após a entrada? Muito se tem falado sobre o quanto as vagas com este idioma como pré-requisito são forma indireta de reduzir o acesso de pessoas de grupos minorizados ao mercado formal de trabalho, pois estas pessoas normalmente possuem menos oportunidades de estudo e acesso ao idioma.

Reflita sobre o que é realmente requisito para início imediato e o que pode ser desenvolvido nos meses após a entrada da pessoa.

Avaliação do time de R&S
Colha as avaliações das pessoas que passaram pelo seu processo seletivo e avalie o retorno delas sobre as etapas de seleção e entrevistas. Elas irão ajudar você a ter mais clareza sobre os pontos de melhoria.

Como fazer entrevistas às cegas?

Vieses inconscientes são ideias preconceituosas incorporadas ao nosso dia a dia, base

Entrevistas às cegas (o termo em inglês, open hiring, também é utilizado em algumas vagas) é uma modalidade de recrutamento e seleção que analisa somente as competências das pessoas candidatas na primeira etapa de seleção, sem olhar para nome, gênero, idade, etnia ou outros aspectos profissionais da pessoa. 

Requisitos para entrevistas às cegas
Essa modalidade deve ser adotada junto com um software que execute esta seleção, de forma que o processo se torne ágil e imparcial. 

Hoje em dia diversas ferramentas de R&S contam com esse recurso, mas é importante que ele seja aliado a processos claros e bem definidos. 

Afinal, não adianta nada você enviar para as etapas mais avançadas candidaturas feitas “às cegas”, sendo que os gestores das áreas têm vieses inconscientes que acabarão impactando a decisão final. 

Vale a pena adotar entrevistas às cegas?
Essa resposta depende do contexto da sua organização. 

A estratégia é ótima para um modelo onde é necessário mais agilidade nas etapas iniciais. Entretanto, o mais importante é você garantir que o fator humano, ou seja, as pessoas envolvidas nas entrevistas de todas as etapas, estão sensibilizadas para a inclusão. 

É o caso, por exemplo, de Nathália Nin, profissional de marketing. Ela comenta que “na primeira entrevista que participei [após a licença-maternidade], a recrutadora, que era uma mulher da área de recursos humanos da empresa, me perguntou se eu tinha filhos e, de forma bem evidente, quem ia cuidar da minha filha caso eu conseguisse a vaga. Fiquei perplexa e respondi que tinha tanto uma rede de apoio quanto uma creche para deixar a bebê. Não fui contratada.”

Crie uma cultura de inclusão

Nós da Tree acreditamos na educação e no desenvolvimento das pessoas como o caminho para a transformação. Por isso, contribuímos com nossa expertise em projetos de consultoria, educação corporativa e programas de desenvolvimento.

As ferramentas e técnicas devem ser um apoio para as pessoas, não uma garantia de inclusão. Por isso, faça um diagnóstico sobre os processos atuais da sua organização e, em seguida, coloque em prática seu plano de gestão da diversidade