A sigla ESG vem se tornando, dia após dia, mais presente no mercado financeiro e no mundo corporativo e, portanto, não há dúvidas de que veio para ficar. Aliás, também fica cada vez mais evidente o ganho de destaque das empresas que colocam em primeiro plano questões ambientais, sociais e de governança.
Essa importante mudança de paradigma, que já vem acontecendo há mais tempo em outros países e chegou recentemente com mais força no Brasil, não surge por acaso: ela é impulsionada por uma crescente conscientização sobre a urgência de tratarmos de demandas como diversidade e inclusão, mudanças climáticas e segurança do consumidor, entre muitas outras. Nesse contexto, investidores de todo o mundo passam a considerar indispensável o alinhamento com os princípios ESG.
Mas o que isso significa exatamente? Quais as práticas corporativas que estão representadas nos fatores ESG e por que eles são tão importantes a ponto de estarem se tornado cada vez mais centrais? Qual a sua relação com os temas da D&I? O objetivo deste artigo é, justamente, responder essas perguntas.
Afinal, o que é ESG?
ESG é uma sigla em inglês que significa Environmental, Social and Governance, ou, em português, Ambiental, Social e Governança. O termo refere-se aos critérios de análise utilizados em um modelo de investimento que avalia a sustentabilidade, o nível de governança corporativa e o impacto social de um determinado negócio.
O investimento ESG é considerado um tipo de investimento sustentável (ou responsável), que tem o objetivo de encontrar valor nas empresas e, por isso, não se limita às tradicionais métricas econômico-financeiras. E aqui não estamos falando apenas de questões ambientais: como o próprio nome indica, nesse caso entram também fatores sociais e de governança.
Como parte do pilar social, podemos citar as práticas trabalhistas de uma organização, a gestão de talentos, a segurança dos produtos e a proteção de dados. Já em relação à governança, são considerados pontos como diversidade do conselho, remuneração de executivos e ética nos negócios.
O que está por trás de cada letra da sigla e qual é a relação com a Diversidade & Inclusão?
Para compreendermos melhor a sigla ESG e como ela deve ser incorporada pelas empresas, é fundamental entender mais a fundo o que cada elemento representa. Com isso, também ficará mais claro de que forma as questões relacionadas à Diversidade & Inclusão se relacionam com esses critérios.
Fatores ambientais
Os investimentos que consideram o “environmental” buscam olhar para as companhias de uma perspectiva que inclui pautas como poluição, desperdício de recursos e preservação. Isso significa investir em orientações para melhorar a sustentabilidade em termos ambientais, o que inclui práticas relacionadas a:
- Preocupação com mudanças climáticas;
- Redução de emissão de carbono e gases de efeito estufa;
- Diminuição da poluição do ar e das águas;
- Manutenção da biodiversidade;
- Promoção da eficiência energética;
- Gestão e redução de resíduos;
- Preservação das florestas e redução do desmatamento;
- Atenção à escassez de água e esgotamento de recursos.
Fatores sociais
A segunda letra da sigla ESG refere-se à sustentabilidade social e à forma como as empresas se relacionam com as pessoas que fazem parte do seu ecossistema: clientes, colaboradores, comunidade etc. Alguns tópicos referentes a essa categoria:
- Direitos humanos e leis trabalhistas;
- Condições de trabalho;
- Relação com os funcionários;
- Engajamento dos colaboradores
- Diversidade e inclusão;
- Equidade de gênero;
- Relação com comunidade local;
- Saúde e segurança;
- Satisfação do cliente;
- Proteção e tratamento de dados.
Fatores de governança
Já a governança corporativa ou “governance”, em inglês, está associada à administração das empresas. Logo, nesse caso falamos, por exemplo, de padrões, transparência e gestão de conflitos. Alguns tópicos considerados nesse sentido:
- Remuneração da diretoria;
- Ética;
- Estratégia tributária;
- Política corporativa;
- Relação com governo;
- Composição e diversidade do conselho.
De que forma as ações de D&I podem ser incluídas na agenda ESG das empresas?
Como vimos, Diversidade & Inclusão fazem parte dos princípios ESG, estando incluídas nos pilares Social e de Governança. Ou seja, são também critérios considerados por investidores que utilizam o modelo para avaliar o impacto de um investimento.
Sendo assim, pontos como a formação de equipes diversas, a preocupação com a construção de um ambiente inclusivo e seguro para diferentes grupos, a diversidade em cargos de liderança, a equidade salarial e outras ações nesse sentido fazem parte da análise — e também indicam se as empresas seguem ou não as diretrizes ESG.
Esse alinhamento pode ser avaliado de várias formas. É possível, por exemplo, verificar os resultados da gestão de RH e os índices de turnover e retenção de talentos. Além disso, pode-se também examinar os indicadores para Diversidade e Inclusão, a adoção de programas de D&I e o seu impacto ou até mesmo o posicionamento das empresas na sua estratégia de comunicação.
Por que as empresas devem estar alinhadas com os critérios ESG?
A importância dos princípios ESG nas empresas só tende a crescer e, ao mesmo tempo, a adoção de uma agenda alinhada traz uma série de impactos positivos para os negócios. Abaixo, elencamos as principais razões pelas quais as organizações devem priorizar ações nesse sentido.
Atração de investimentos
Não há dúvidas de que os investidores estão cada vez mais usando a sua posição de influência para alocar capital em propósitos — os investimentos ESG são prova disso. De acordo com a XP Investimentos, que recentemente realizou um grande evento sobre o tema, já se assiste a um aumento do fluxo de capital para ativos ou fundos alinhados com ESG.
Aprovação dos consumidores
Outro fator que também pressiona a adoção de uma agenda ESG nas empresas é a mudança no comportamento dos consumidores, que devem optar cada vez mais pelo consumo consciente. Além de pesquisas já mostrarem essa tendência, as novas gerações já representam uma boa parte da população mundial e têm grande poder de influência nesse sentido.
Impacto nos resultados dos negócios
Um estudo realizado pela Ágora Investimentos revelou que o alinhamento com os princípios ESG traz uma série de benefícios para as empresas: crescimento da vantagem competitiva, melhora da reputação, aumento da lucratividade e do valuation ao longo do tempo são alguns deles.
O relatório revelou, ainda, que, além de atraírem mais investidores, os negócios que se importam com as questões ESG tendem a se destacar em sua área de atuação e ter um desempenho financeiro melhor do que as concorrentes.
Como as empresas podem dar os primeiros passos para adotar princípios ESG?
Como vimos, os princípios ESG envolvem medidas em várias frentes e, portanto, demandam um grande esforço por parte das empresas. No entanto, em primeiro lugar, é fundamental que se identifique internamente um senso de propósito, ou seja, que se defina qual é o valor de integrar ESG aos negócios. Os itens que acabamos de elencar podem ser um bom ponto de partida.
Posteriormente, é necessário analisar como os fatores abordados na agenda são tratados atualmente na organização e quais as mudanças que precisam ser instauradas para se adequar.
Quanto às questões de D&I, a implementação de um programa com ações concretas nesse sentido é um passo crucial para que as empresas se tornem mais diversas e inclusivas e, assim, estejam de acordo com os critérios associados aos pilares social e de governança da sigla ESG.