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O que é e como combater o racismo institucional?

O racismo ainda é um desafio sistêmico vivido pelas organizações. Um estudo de 2022 mostrou que 75% das empresas brasileiras apontaram o racismo como principal forma de discriminação vivenciada no ambiente de trabalho, seguido de opiniões políticas (42%) e aparência física (37%).

Para além da violência expressa no racismo, percebemos também a baixa inclusão das pessoas negras nas organizações. Uma pesquisa de 2021 apontou que 47,8% dos profissionais negros não têm a sensação de pertencimento nas empresas em que trabalham. 


Esses dados deixam claro que é preciso um trabalho consistente a fim de combater as múltiplas faces do racismo nas empresas. Como já tratamos aqui, o caminho para uma postura antirracista passa, necessariamente, pelo conhecimento. 
Por isso, entenda as dimensões do racismo em nossa sociedade e depois conheça 7 ações para combater o racismo nas empresas e organizações.

Quais são as dimensões do racismo em nossa sociedade?

Muitas pessoas costumam afirmar que não são racistas porque não têm ações concretas racistas, como uma agressão ou uma fala racista. Mas o mapeamento “Dimensões do Racismo” de Jurema Werneck, que você verá abaixo, mostra que o racismo pode acontecer mesmo com o silêncio.

A autora propõe três perspectivas, que se desdobram nas dimensões expressas abaixo. São elas:

  • Perspectiva individual: nela estão inseridos os comportamentos que desprotegem pessoas negras.
  • Perspectiva social: esta perspectiva destaca as condições políticas, culturais, econômicas etc., a partir do que produz e/ou legítima a vulnerabilidade de pessoas negras. 

Perspectiva política ou programática: ela diz respeito à ação institucional voltada para a geração da proteção e/ou redução da vulnerabilidade de indivíduos e grupos, na perspectiva de seus direitos humanos.

Racismo Pessoal Internalizado

Sentimentos

Superioridade e inferioridade

Está relacionado a como pessoas brancas sentem-se numa situação de superioridade, colocando pessoas de outras etnias  em uma posição de inferioridade
No caso de pessoas negras, o racismo pode afetá-las gerando os sentimentos de inferioridade e incapacidade, por exemplo.

Na prática: no âmbito corporativo, política de vagas afirmativas nas empresas, como os trainees da Magalu e Bayer, gerou em um grupo o sentimento de “como assim essa oportunidade não é para mim?”. Quem foi a público comentar, partiu para a ‘ação’ como veremos a seguir. Quem guardou para si, ficou numa situação de ‘sentimentos’.

Condutas

Passividade, proatividade, aceitação e recusa

O racismo também pode aparecer nas condutas. Ao lidar com uma situação de racismo, como as pessoas brancas irão reagir? Serão passivas e nada farão, ou irão ser proativas e utilizar seu privilégio para combater aquele preconceito?

Ainda, irão aceitar que aquela é uma situação racista, ou irão recusar e entender que é um ‘exagero’ ou ‘mimimi’?

Racismo Interpessoal

Ações

Falta de respeito, desconfiança, desvalorização, perseguição, desumanização
Esta dimensão aborda um sentimento que se torna uma ação, comentando com outras pessoas o seu sentimento, agredindo, fazendo uma piada de teor racista, entre outras ações concretas. 
Embora as mais visíveis tenham destaque, temos que ficar alerta para o racismo invisível das “piadas” ou dos vieses inconscientes.

Omissões

Negligência ao lidar com o racismo e seus impactos
Ao ver uma situação de racismo e não fazer nada, a pessoa branca toma uma posição e fica ao lado de quem está oprimindo, favorecendo-se do sistema que é racista. 

Na prática: recentemente um guia turístico e digital influencer cometeu injúrias raciais contra jornalistas e profissionais negros de uma emissora de televisão. Neste episódio, poucas pessoas que eram próximas do guia turístico foram proativas e se posicionaram contra as falas preconceituosas, enquanto a maior parte manteve a passividade e o silêncio.

Racismo Institucional

Segundo Jurema Werneck no artigo Racismo Institucional e Saúde da População Negra,  “racismo institucional equivaleria a ações e políticas institucionais capazes de

produzir e/ou manter a vulnerabilidade de indivíduos e grupos sociais vitimados pelo racismo.” 

Ele acontece de duas formas: material e via acesso ao poder.

 Material

Indisponibilidade e/ou acesso reduzido a políticas de qualidade
O racismo institucional material se dá quando a população negra fica alheia ou prejudicada às políticas e serviços públicos daquela localidade.

Na prática: Glaucia Pereira, fundadora da empresa Multiplicidade Mobilidade Urbana, afirma que a oferta de linhas de ônibus é um obstáculo no acesso de pessoas negras aos postos de trabalho, caracterizando racismo institucional material. Ela diz que uma vez que em muitas cidades a operação de transportes públicos é pensada para atender as áreas mais nobres, há uma concentração de coletivos nas ruas entre 7h e 9h, e menos veículos entre 5h e 6h, quando os moradores das regiões com maior população negra saem para trabalhar. 
Ainda, cita o exemplo da cidade de Salvador (BA), onde o número de linhas de ônibus que circulam pelos três bairros com maior número de moradores negros é menor do que a quantidade de linhas nos três bairros com menor quantidade de pessoas negras.

Acesso Ao Poder

Menor acesso à informação, menor participação e controle social, escassez de recursos
Pessoas brancas são maioria na política, em cargos de liderança, na gestão pública e na formulação de políticas públicas, fazendo com que o racismo seja reproduzido no acesso ao poder.

Se não houver uma ação intencional de colocar pessoas negras nesses lugares, continuaremos com o racismo estrutural em todas as esferas da nossa vida em sociedade. 

Na prática: O estudo “Onde estão os negros no serviço público?“ mostrou que, mesmo sendo a maioria da população brasileira, as pessoas negras representam menos de 15% do total de cargos de tomada de decisão do executivo federal. 
Enquanto as pessoas negras não estiverem formulando políticas públicas para pessoas negras, continuaremos com avanços mais lentos nessa agenda. Mas há uma boa notícia. Segundo o estudo, houve um crescimento de 153% no número de pessoas pretas que ingressaram no setor público desde 2014. Segundo a autora do levantamento, “esse aumento pode indicar os efeitos da política de cotas em concursos públicos implementada a partir de 2014”.

Como desenvolver uma postura antirracista?

Pessoas brancas podem e devem ser antirracistas. E para isso podem utilizar-se das três dimensões acima como pilares para um comportamento antirracista. 

No âmbito pessoal, estudar, consumir filmes, livros e produções de autores negros, escutar podcasts e sempre se atualizar sobre as discussões que estão acontecendo. Para além disso, sempre que notar um pensamento racista ou baseado em um viés inconsciente, questionar-se sobre a origem dessa reflexão. 

No âmbito interpessoal, posicionar-se e ser antirracista ao observar falas, ações e/ou processos que são racistas. Caso você não se sinta confortável em explicar, o que é natural para quem está aprendendo, você pode apontar o ato racista e recomendar os livros e conteúdos que você estuda. 
Por fim, no âmbito institucional, utilizar do privilégio que tem para abrir portas e oportunidades para pessoas negras.

Existem uma série de ações práticas para empresas e pessoas antirracistas, às quais abordamos de forma aprofundada em nosso treinamento. Saiba mais.

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• Conceito de letramento racial;

• Conceitos históricos: escravismo, colonialismo, racismo;

• O racismo no Brasil;

• Colorismo;

• Branquitude;

• Antirracismo;

• Práticas racializadas;

• Vocabulário étnico-racial.

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