A pesquisa Pessoas com Deficiência e Emprego, realizada pela Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo, mostrou que 35% da população com algum tipo de deficiência estão desempregadas. Quando comparada à população brasileira, este número é em torno de 14%. O levantamento também concluiu que Pessoas com Deficiências cognitivas, como o autismo, são as que mais enfrentam desafios para a inclusão no mercado de trabalho.
Neste artigo, iremos entender o que é a neurodiversidade, com foco na compreensão do autismo e quais são as boas práticas que podem auxiliar a criação de um ambiente inclusivo para esse grupo.
O que é a neurodiversidade?
O termo neurodiversidade tem origem em 1998, quando foi utilizado pela primeira vez pela socióloga australiana Judy Singer. O termo engloba variações do cérebro humano em relação à sociabilidade, aprendizagem, atenção, humor e outras funções cognitivas. Neste sentido, a neurodiversidade envolve uma série de condições como Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), Dislexia, Dispraxia, Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Discalculia.
Assim como outras deficiências, no ambiente de trabalho, as pessoas neurodiversas necessitam de adaptações que auxiliem o desempenho de suas atividades e habilidades. Segundo a HSM, áreas como TI e análise de dados podem ser excelentes para colaboradores neurodiversos se desenvolverem, e as pessoas com autismo geralmente se destacam em áreas como teste de software e segurança cibernética. Muitas destas funções estão enfrentando, atualmente, escassez de talentos.
O que é o autismo?
Uma das neurodiversidades é o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), conhecido popularmente como autismo. Trata-se de uma condição em que a pessoa pode apresentar, em vários níveis de intensidade, um déficit na comunicação social ou interação social (na linguagem verbal ou não verbal e na reciprocidade socioemocional), além de padrões restritos e repetitivos no comportamento (movimentos contínuos, interesse restrito e hipo ou hipersensibilidade a determinados estímulos sensoriais).
O diagnóstico costuma ocorrer na infância, contudo, existem pessoas que passam boa parte da vida sem saber que são autistas.
O autismo não está relacionado, necessariamente, à deficiência intelectual: segundo a literatura científica, uma pessoa com TEA também pode apresentar deficiência intelectual, como também outras condições singulares.
A fita quebra-cabeças é o símbolo do autismo pois representa a complexidade dessa condição.
O autismo no Brasil
A Lei Nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012 instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ademais, também assegura benefícios às pessoas com autismo nas áreas de saúde e educação e reforçou direitos básicos, como o trabalho.
Outro destaque da legislação é que inclui o autismo dentro do rol de outras deficiências. Dessa forma, o autista garante a sua inclusão no mercado de trabalho dentro da participação mínima para portadores de qualquer deficiência.
Confira alguns dados sobre as pessoas autistas:
- 85% dos indivíduos com espectro autista estão fora do mercado de trabalho. Não há essa dado para o Brasil, pois o Censo do IBGE não incluía perguntas relacionadas ao autismo até 2018;
- A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que existam por volta de 70 milhões de pessoas com autismo no mundo todo;
- O Brasil conta com por volta de 2 milhões de indivíduos com o Transtorno do Espectro Autista (TEA);
- 70% das pessoas com autismo sofrem com depressão e ansiedade.
Uma das causas para pessoas com autismo estarem fora do mercado de trabalho envolve o preconceito e a ideia de imprevisibilidade dessas pessoas. O empregador, muitas vezes, não sabe o que esperar em termos de resultados e comportamentos.
Tal percepção, entretanto, é um viés inconsciente. Com a devida política de inclusão, que leve em conta especialistas e escute os próprios funcionários, tais comportamentos não irão acontecer.
Inclusão de um profissional com autismo
Por conta do desconhecimento e preconceito, muitos empregadores não conhecem as características de uma pessoa com autismo. Em geral, pessoas com TEA possuem desenvoltura para trabalhar com:
- Rotinas metódicas e repetitivas;
- Possuem memória de longo prazo e visual;
- Facilidade em reconhecer padrões;
- Alto nível de concentração;
- Atividades que exigem raciocínio lógico;
É o que conta uma profissional com autismo que comenta as adaptações realizadas pela empresa que trabalha para que a acessibilidade fosse completa. Perceba que em alguns casos as mudanças de acessibilidade não são necessariamente físicas; mas, sim, processuais.
Como promover um ambiente inclusivo para pessoas com autismo nas empresas?
Confira algumas sugestões para garantir a inclusão de pessoas autistas no ambiente de trabalho:
- Preparar as lideranças e a equipe
A equipe precisa estar treinada e informada sobre as peculiaridades do transtorno e as características específicas da pessoa.
- Invista na conscientização e treinamento
Eventos, palestras e outros formatos para promover diálogos sobre diversidade auxiliam a lidar com a diferença, além de sempre reforçar tópicos que muitos colaboradores podem não conhecer ou saber o necessário.
- Inclua a discussão no comitê de diversidade
Para além das questões de gênero e cor, por exemplo, é importante olhar para a transversalidade nos comitês de diversidade, propondo debates e melhorias em prol da Diversidade, Equidade e Inclusão de pessoas neuro diversas e com TEA.
- Promova adaptações no ambiente
Em geral, a pessoa com TEA costuma preferir ser alocada em ambientes com menos ruído. Outras também preferem poucos diálogos. Essas adaptações irão depender especificamente de cada funcionário, por isso crie um canal aberto de conversa com a pessoa.
- Conte com o apoio de uma consultoria especializada.
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