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inclusão de pessoas com deficiência - foto mostra uma pessoa negra, em cadeira de rodas, trabalhando em casa

Inclusão de pessoas com deficiência: o papel dos programas de empregabilidade

De acordo com o último Censo do IBGE (2010), o Brasil tem mais de 45 milhões de pessoas com deficiência. É uma população expressiva e que já deve ser inclusive maior atualmente. No entanto, somente 1% delas estão empregadas formalmente.

Você sabe por que isso acontece? O que a sua empresa pode fazer para aumentar a inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho e, principalmente, por que isso é tão importante?

Qual a realidade do mercado de trabalho para PcDs hoje no Brasil

Mesmo sendo garantida por lei há quase 30 anos pela Lei de Cotas (8.213/91), a inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho ainda está longe de ser uma realidade. Dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) informam que, em 2018, apenas 51% das vagas reservadas por lei haviam sido preenchidas — o que representa cerca de 390 mil pessoas com deficiência ou reabilitadas empregadas — um déficit de cerca de 380 mil vagas a serem preenchidas.

No contexto atual da pandemia, as empresas teriam que dar uma atenção maior aos colaboradores com deficiência, por questões de vulnerabilidade social e porque alguns tipos de deficiências pertencem ao chamado grupo de risco. No entanto, o que se viu no início da crise foi justamente o contrário: as demissões desses profissionais tornaram-se ainda mais frequentes.

De acordo com a Superintendência Regional do Trabalho, de março a maio deste ano, apenas no Estado de São Paulo, 986 empresas demitiram cerca de 2.700 profissionais com deficiência sem justa causa. A situação será minimizada com a publicação, em 7 de julho de 2020, da  Lei nº 14.020 que, entre outros pontos, proíbe a dispensa sem justa causa dos trabalhadores com deficiência neste período de pandemia de Covid-19. A lei é oriunda da Medida Provisória nº 936, que cria o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda.

Mas, afinal, por que o índice de empregabilidade para as pessoas com deficiência ainda é tão baixo?

Uma das principais razões apontadas pelos gestores é a falta de qualificação profissional. De fato, a representatividade desse grupo nas instituições de ensino superior ainda é muito baixa, mas as pesquisas mostram que está havendo um aumento gradativo de alunos com deficiência nas universidades.

Também contribui para isso a falta de preparo das empresas para receber as pessoas com deficiência, pois são poucas as organizações que efetivamente investem tempo e recursos em acessibilidade de todos os tipos, seja física, comunicacional ou atitudinal.  

Por que a inclusão de pessoas com deficiência deve ser prioridade na sua empresa?

Os resultados divulgados recentemente no Guia de Diversidade 2020, produzido pela Revista Exame e pelo Instituto Ethos, não deixam dúvidas: todas as organizações que apoiam a diversidade e a inclusão percebem um grande retorno positivo. Segundo a publicação, 90% das empresas participantes acreditam que as políticas de D&I contribuem para melhorar o clima organizacional; 84% responderam que ela aumenta a produtividade e 77% afirmam que elas auxiliam no desenvolvimento de novos produtos.

Em outras palavras, não só a inclusão de pessoas com deficiência, como também de negros, LGBTQI+ e outros perfis podem contribuir muito para o crescimento dos negócios. Sua empresa faz parte desse grupo? Se ainda não, você precisa saber como transformar o seu ambiente de trabalho em um local mais inclusivo e diverso. É sobre isso que vamos falar a seguir.

O que a sua empresa pode fazer pela inclusão de pessoas com deficiência?

Este é um desafio que só pode ser vencido por meio do esforço e do engajamento de todos os níveis da empresa, desde a parte operacional até a liderança. E a área de Recursos Humanos deve ser a responsável por orquestrar as iniciativas.

Abaixo, as práticas que desenvolvemos para criar uma cultura inclusiva em sua empresa.

Construa um projeto de empregabilidade para a pessoa com deficiência

Atrair e reter os melhores talentos é um objetivo estratégico em qualquer organização, e ele deve ser estendido às pessoas com deficiência, que merecem as mesmas oportunidades destinadas aos demais colaboradores, portanto, nada de reservar vagas somente em funções operacionais ou pagar a elas um salário menor do que um outro funcionário no mesmo cargo receberia. Além disso, é preciso oferecer às pessoas com deficiência um plano de carreira bem estruturado.

Promova a capacitação

A capacitação é um item importante para que todos sintam-se mais valorizados e trabalhem melhor, e o mesmo acontece com os profissionais com deficiência. Por isso, quando for dar um treinamento à equipe, tenha o cuidado de utilizar as tecnologias assistivas adequadas para que os participantes com deficiência tenham total acesso ao conteúdo.

Crie grupos de apoio e discussão

A criação de um comitê é uma boa prática para debater as questões de inclusão, no entanto ele não deve ser restrito às pessoas com deficiência. O ideal é que todas as pessoas estejam envolvidas para que conheçam as capacidades e as dificuldades dos colegas, como ajudar, o que não fazer, ou seja, como ter um comportamento inclusivo.

Incluir metas relacionadas à diversidade e inclusão nos resultados da empresa

Talvez seu grupo de trabalho até entenda os benefícios de promover a inclusão, mas, muitas vezes, para ter resultados concretos, é necessário transformar isso numa meta de negócio, fazendo com que os gestores assumam um compromisso com a inclusão de pessoas com deficiência.

Lembrando que o objetivo aqui não é apenas cumprir a cota, mas fazer a inclusão de forma correta, como comentamos nos tópicos anteriores.

Você está preparado para promover essas mudanças na sua empresa?