É fato que a agenda ESG ganhou protagonismo nas organizações ao longo dos últimos anos. Segundo o Mapa ESG Brasil, o número de organizações que aderiram à agenda ESG cresceu 79,4% de 2020 para 2023.
Embora as ações mais estruturadas ocorram entre as empresas listadas na bolsa de valores, pequenas e médias empresas também adotam algum tipo de prática. Portanto, este é um assunto que veio para ficar.
E dentro dos pilares ‘Social’ e ‘Governança’ da agenda encontram-se as políticas de Diversidade, Equidade e Inclusão, o que, segundo lideranças ouvidas, é um dos desafios da implementação do ESG no dia a dia da organização, como revelou a pesquisa global do BNP Paribas, que apontou que 51% dos investidores consideram o fator social o mais difícil de analisar e incorporar às estratégias de investimento.
Por isso, neste artigo você confere as melhores práticas para superar esses desafios e incorporar de maneira eficaz os princípios na sua empresa.
Como anda a agenda ESG no Brasil?
Estamos na metade da década e já podemos observar que a estratégia já começa a colher resultados. Segundo o Panorama ESG Brasil 2023, a curva de adoção da agenda ESG está próxima do ponto de inflexão. Ou seja, quando a maioria do mercado já tiver implementado boas práticas ESG.
Como você pode notar a seguir, algumas empresas lideram o caminho, principalmente as ligadas à Bolsa de Valores. Esse ganho de tração ocorreu, em grande parte, por conta do Anexo ASG, lançado pela B3 em 2022, com medidas propostas para estimular a diversidade de gênero e a presença de grupos minorizados em cargos de liderança, além de estimular a publicação de relatórios ESG por parte das empresas listadas na Bolsa.
Mas a onda chegou também às micro e pequenas empresas, que como mostrou uma pesquisa, são as que mais praticam alguma atividade ESG – 89% das PMEs já adotam algum tipo de prática ESG no dia a dia – mesmo que cerca de 3 em cada 10 não sejam tão familiarizadas com a sigla.
O destaque aqui vai para a frente de ‘Governança’, que prevê boas práticas de gestão, e é a prioridade de investimentos e esforços das organizações (43,8%). O mapeamento apontou que 66% das micro e pequenas empresas têm buscado consolidar seus códigos de ética.
Já o desafio fica com a frente de ‘Social’. 54% das pessoas que responderam à pesquisa consideram que há poucas iniciativas de inclusão de pessoas LGBTI+ e negras.
Desafios e motivações na agenda ESG no Brasil
Por que as organizações estão aderindo à agenda ESG?
Fortalecer reputação da marca, ter impacto positivo e reduzir riscos ESG estão entre as principais causas listadas pelas organizações na adoção da agenda ESG. Confira a seguir os tópicos que mais foram mencionados pelas pessoas respondentes.
- Fortalecer a reputação no mercado. (61%)
- Ter um impacto positivo em questões ambientais e sociais. (57%)
- Reduzir riscos ESG. (40%)
- Fortalecer o engajamento com os colaboradores. (33%)
- Aumentar a inovação e a criatividade na organização. (27%)
- Fortalecer a relação com parceiros e fornecedores. (27%)
- Diversificar o portfólio de produtos e serviços. (22%)
- Melhorar o resultado financeiro no médio e longo prazo. (22%)
- Atrair e fidelizar mais clientes. (12%)
- Promover uma operação mais enxuta e eficiente. (12%)
Principais desafios na implementação da agenda ESG
A segunda pergunta realizada às cerca de 600 pessoas que responderam à pesquisa foi sobre os desafios de implementação.
Antes, uma consideração importante. As pessoas respondentes ocupam cargos de alta liderança ou ESG em empresas de médio e grande porte. Essa consideração é importante, uma vez que micro e pequenas empresas passam por outros desafios, como sinalizamos no início deste artigo.
Entre os principais desafios relatados pelo grupo de médias e grandes empresas, destaca-se a dificuldade em mensurar indicadores ESG, a dificuldade em fortalecer essa cultura internamente e a falta de conhecimento técnico do time sobre ESG.
- Dificuldade de mensurar e monitorar indicadores ESG: (38%)
- Ausência de uma cultura forte de sustentabilidade: (32%)
- Falta de recursos financeiros para investimentos: (27%)
- Falta de conhecimento interno sobre ESG: (27%)
- Falta de uma metodologia adequada à nossa realidade: (27%)
- Ausência de uma visão estratégica para ESG: (25%)
- Ausência de parcerias estratégicas em ESG: (25%)
- Alta complexidade das regulamentações, normas e práticas ESG: (21%)
- Dificuldade de comunicar práticas e resultados ESG: (18%)
Liderança não comprometida com melhores práticas ESG: (15%)
Boas práticas ‘Sociais’ e de ‘Governança’ na agenda ESG
Mesmo com tais desafios, as organizações estão se movimentando e articulando uma série de boas práticas. A seguir você encontrará iniciativas ‘sociais’ e de ‘governança’, que é a interseção onde Diversidade, Equidade e Inclusão é inserida.
Boas práticas de Governança que mais são adotadas pelas organizações
Governança, dentro do ESG, diz respeito às regras de compliance, o que inclui ações como conselho independente, práticas anticorrupção, canal de denúncias, realização de auditorias e ações de transparência
Entre as iniciativas mais citadas, destaca-se a criação de códigos de conduta, comitê ESG e políticas de transparência.
- Código de ética e política de anticorrupção: (54%)
- Políticas de transparência e governança: (47%)
- Comitê ou equipe focado em ESG: (30%)
- Priorização de questões ESG na estratégia e modelo de negócio: (26%)
- Divulgação interna de indicadores, metas e objetivos ESG: (25%)
- Divulgação anual do Relatório de Sustentabilidade para todos os stakeholders: (22%)
- Benchmark e avaliações contínuas para medir o desempenho ESG: (20%)
- Critérios ESG para priorização de investimentos: (20%)
- Avaliação de fornecedores utilizando critérios ESG: (18%)
- Mecanismos para dar voz e incluir os stakeholders em decisões estratégicas: (17%)
- Matriz de Materialidade atualizada periodicamente: (16%)
Como você pode notar, existe muito espaço para inclusão de políticas e métricas de DE&I dentro do pilar ‘G’ do ESG. Por exemplo, dentro da iniciativa de ‘avaliação de fornecedores’, você pode adotar marcadores sociais, como capital social feminino ou negro, para a seleção desses stakeholders. Dessa força a diversidade caminha junto com o ESG.
Boas práticas ‘Sociais’ que mais são adotadas pelas organizações
Social, dentro da agenda ESG, diz respeito às ações de responsabilidade social, gestão do trabalho, responsabilidade com o consumidor e ações diretas de Diversidade, Equidade e Inclusão.
Entre as iniciativas mais adotadas pelas organizações que participaram do estudo, destaca-se a capacitação do time, o desenvolvimento de uma cultura inclusiva e políticas de remuneração e benefícios.
- Formação e capacitação dos funcionários: (62%)
- Desenvolvimento de uma cultura de diversidade, equidade e inclusão: (58%)
- Adoção de políticas de remuneração justa e benefícios: (51%)
- Geração de emprego, renda e fomento da economia local: (50%)
- Parcerias e/ou apoio a organizações sem fins lucrativos: (48%)
- Programa de bem-estar e qualidade de vida dos funcionários: (47%)
- Apoio a programas de desenvolvimento comunitário: (45%)
- Desenvolvimento ativo da comunidade local: (38%)
- Programas de voluntariado corporativo: (32%)
- Modelo de negócio e produtos que mitiguem problemas sociais: (24%)
É no pilar ‘S’ do ESG que a Diversidade, Equidade e Inclusão encontra mais sinergia.
E você pode fugir do óbvio, para além das ações mais comuns de inclusão, como políticas de R&S, desenvolvimento e educação corporativa.
Por exemplo, dentro da boa prática ‘Programa de bem-estar e qualidade de vida dos funcionários’, você pode adotar política de trabalho híbrido ou horários alternativos a pessoas que tenham filhos ou dependentes e que precisam do horário comercial para levá-los a consultas médicas ou outras atividades.
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