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TREE no Web Summit Rio 2023 e suas conexões reais

Web Summit, um dos maiores eventos de tecnologia e inovação do mundo

O Web Summit é um dos maiores eventos de tecnologia e inovação do mundo, que reúne anualmente empreendedores, investidores, líderes empresariais e profissionais de diversas áreas para discutir tendências e desafios no setor.

O evento conta com a presença de grandes nomes da tecnologia, como fundadores de empresas como Uber, Airbnb, Netflix e Tesla, além de investidores de renome e líderes empresariais.

Inteligência Artificial foi um dos destaques

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, afirmou que a prefeitura impulsionará empresas de inovação e tecnologia na capital fluminense:

O Web Summit é o passo decisivo de um plano ambicioso, que é transformar o Rio de Janeiro na capital da inovação na América Latina. É colocar o Rio no mapa global do mercado de tecnologia. A Prefeitura tem feito um grande esforço para oferecer cursos, estágios e oportunidades em diversas áreas da tecnologia.

Nesta edição, 81% das startups presentes eram do Brasil, 4% dos Estados Unidos e 2% de Portugal e Argentina. Dentre as presentes, havia 58 startups em HR&Recruitment, 85 em Educação, 48 em Sustentabilidade, entre outras.

Um dos principais temas discutidos foi a relação entre a inteligência artificial (IA) e a produtividade no mercado de trabalho. Lucas Lima, antigo CEO da AAA Inovação, ressaltou que existe um consenso sobre o impacto positivo da tecnologia na produtividade humana, mas reforçou que é importante analisar a ética no desenvolvimento da IA de perto.

Um ponto que me chamou a atenção é o posicionamento de alguns especialistas que dizem que as IAs não acabarão com os empregos, mas, sim, serão uma extensão das nossas habilidades. Será? Fica ainda a reflexão.

Outro ponto importante foi levantado por Meredith Whittaker, ativista na causa e uma das assinantes da carta para interromper os avanços da IA. Ela sinalizou sua preocupação com a quantidade e facilidade do acesso aos dados que se obtêm com o uso de inteligência artificial, além de ser um mercado muito concentrado, já que apenas grandes empresas têm os recursos para continuar esses avanços.

Fica então um questionamento que deve aparecer nos debates: quem é o dono desses dados? Até onde eles podem ser usados e aprendidos?

E eu, que atuo com Diversidade, Equidade e Inclusão, acrescento mais um tópico essencial nesse debate: como podemos incentivar a diversidade na IA? Como evitar que as IAs reproduzam os vieses inconscientes dos seus programadores?

Ademais de ser ferramenta com enorme potencial de transformar vidas e empregos, a IA é construída por seres humanos. Desde a entrada de informações, as análises de dados, as séries históricas que ela busca – tudo ali tem o toque humano. Fica a reflexão: quanto estes humanos “construtores da IA” são diversos? Quanto estão sensibilizados para refinarem os seus sistemas a fim de eliminar os vieses inconscientes e preconceitos implícitos?

Em tempo: já abordamos a relação de DE&I com o Futuro do Trabalho em nosso blog. Leia mais.

Diversidade, Equidade e Inclusão

Na cerimônia de abertura tivemos a Ayo Tometi, co-fundadora do Black Lives Matter, contando à jornalista Maju Coutinho como uma hashtag se transformou em um dos movimentos mais importantes para a inclusão, discussão étnico-racial e, consequentemente, um impacto para toda uma geração.

Black Lives Matter (Vidas Negras Importam, em tradução livre) surgiu em 2013 como um grito de protesto contra a violência policial e as injustiças enfrentadas pelas pessoas negras. O Black Lives Matter se tornou um movimento internacional, tem se expandido e se fortalecido, mobilizando milhões de pessoas nos Estados Unidos e em outros países ao redor do mundo. O objetivo central do movimento é combater o racismo estrutural, a violência policial e promover a justiça racial, reafirmando que as vidas negras têm valor e importância.

Ainda na abertura, tivemos a presença de Txai Suruí, indígena e única brasileira que discursou na COP26 (maior e mais importante conferência sobre o clima do planeta). Nascida dos Povos Suruí, em Rondônia, atualmente a jovem cursa o último semestre de Direito e trabalha na parte jurídica da Associação de Defesa Etnoambiental, que defende a causa indígena em Rondônia.

“Qual a importância de se falar de Amazônia num evento tão grande como este que fala de tecnologia?”, questionou a ativista, respondendo logo em seguida: “Estamos vivendo hoje a maior crise que a humanidade já viveu que é a crise do clima e nós, os povos indígenas, somos a linha da frente nessa batalha que o mundo está vivendo (…) somos nós os guardiões da floresta, somos 5% da população do mundo e protegemos 80% de toda a biodiversidade”, afirmou, acrescentando que, ao agregar o conhecimento ancestral e a tecnologia, a missão de proteger as florestas e o clima são fundamentais para que se possa ter “um futuro”.

O evento contou com a participação de 400 palestrantes em diversos painéis, que abordaram temas que vão de inteligência artificial à sustentabilidade. Entre esses especialistas, 37% são mulheres. Além disso, é importante destacar que 209 das 974 startups envolvidas têm fundadoras mulheres, o que é um sinal positivo para a promoção da equidade de gênero no ecossistema empreendedor.

Os números representam um avanço, mas tenho certeza de que é possível trazer mais diversidade e interseccionalidade ao time de palestrantes. Além disso, também é preciso que todas as palestras contem com intérpretes de LIBRAS e tradutores para o português, e que o evento promova a acessibilidade arquitetônica para as pessoas com deficiência física ou dificuldades de locomoção. Estas agendas não podem mais ser consideradas opcionais!

Um pouco do conteúdo do Web Summit para você

Estive presente na palestra da B3, a bolsa do Brasil, que lançou o manual “Investimos em Diversidade, Equidade e Inclusão – Guia de Boas Práticas“. Esse material foi desenvolvido com o propósito de auxiliar as empresas em sua trajetória em direção à diversidade, equidade e inclusão. Clicando aqui você consegue baixar o guia completo.

DE&I, inclusive, foi um dos temas de destaque no estande do SENAC-RJ. Diversidade e inclusão como pulso da inovação, mulheres em tecnologia, futuro mais inclusivo, entre outros temas, foram os tópicos abordados. E a boa notícia é que os conteúdos foram disponibilizados no YouTube. Assista.

Diversidade e inclusão como pulso da inovação 
O Metaverso da Favela
Mulheres, tecnologia, carreira e muito mais
Como projetar um futuro mais inclusivo?
O poder da IA e dados na era da informação

Reflexão final

Encerro esta edição da plural com uma fala do empresário Kondzilla, um dos principais responsáveis pelo sucesso do funk brasileiro: quando perguntado sobre o que pediria para um gênio da lâmpada, caso tivesse apenas um último desejo, respondeu: “Iria pedir que a meritocracia existisse e que as pessoas de fato partissem do mesmo lugar.”

O evento mostrou o potencial da tecnologia em democratizar as oportunidades e facilitar a vida das pessoas. Precisamos, agora, atuar para torná-la plural, diversa e inclusiva.

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