O termo ‘pessoa aliada’ vem ganhando espaço nas discussões sobre Diversidade, Equidade e Inclusão à medida que o tema fura a bolha e conquista pessoas que não fazem parte destes grupos, mas querem usar de seus privilégios e espaços de poder para promover a inclusão.
Mas como ser uma pessoa aliada? Como estar ao lado dessas comunidades? É o que você confere neste artigo!
O que é uma pessoa aliada?
O termo pessoa aliada passou a ser utilizado no ecossistema de DE&I para representar pessoas com relativos privilégios e que não são diretamente atingidas por um ou mais preconceitos (racismo, machismo, LGBTfobia, capacitismo, etc.).
Além disso, não basta somente a compreensão e o acolhimento. Esta pessoa precisa ser ativa no combate ao preconceito e à promoção da inclusão.
Na prática
O Pacto de Promoção da Equidade Racial lançou um estudo que analisa a desigualdade racial em diversos setores, em que -1 significa uma organização com 100% de pessoas brancas, e +1 significa uma organização com 100% de pessoas negras.
No caso do setor financeiro de forma geral, em 2020 o índice apontava -0,51, isto é, 51% mais pessoas brancas que negras. Nesse contexto, podemos entender que a luta por equidade e combate ao racismo não cabe somente às pessoas negras, mas também a essa maioria de pessoas brancas que podem ser aliadas.
Lugar de fala
A discussão sobre pessoa aliada sempre esbarra na de “lugar de fala”.
É importante frisar que todas as pessoas têm lugar de fala. Afinal, se queremos aliadas à causa, é importante que elas falem e advoguem pelo tema.
O conceito “lugar de fala”, entretanto, vem sendo difundido com alguns equívocos. Pessoas aliadas podem e devem valer-se de seus privilégios e espaços de poder para trazer estas discussões.
Entretanto, uma vez que não são protagonistas daquele contexto, recomenda-se que abram portas e tragam para as discussões pessoas que pertencem a essa comunidade, para que elas próprias possam contar suas trajetórias e pontos de vista.
Como ser uma pessoa aliada da Diversidade?
Abaixo você confere uma série de iniciativas que podem ser adotadas no intuito de tornar-se uma pessoa aliada.
Além disso, caso busque algo prático para sua organização, nós temos um treinamento sobre o tema que pode ser aplicado a todas as pessoas. Converse com nossa equipe e saiba mais sobre valores e formas de contratação.
Seja atento ao preconceito, aos vieses inconscientes e às microagressões
Como já falamos aqui no blog, é comum percebermos atitudes preconceituosas ou baseadas em vieses inconscientes em reuniões, happy hours ou conversas informais.
Embora seja um processo que ainda estamos desconstruindo, precisamos compartilhar um feedback para que essas pessoas percebam o erro e mudem o comportamento dali em diante.
Existem diversas formas de dar esse feedback: no privado; no momento da fala; ou relatando às chefias, nos casos mais graves. De toda forma, nossa recomendação é que você comunique com clareza a fala preconceituosa e, se tiver conhecimento sobre o assunto, explique o porquê daquela fala não ser mais aceita.
Na prática
“Você viu que chegou uma nova funcionária PCD?” ou “Você viu que chegou uma nova funcionária deficiente?”
Hoje em dia, entende-se que a deficiência é apenas uma das inúmeras características da pessoa, por isso ela não deve ser identificada apenas como uma Pessoa com Deficiência. É importante atentar para a individualidade de cada um.
Caso a temática da deficiência seja relevante para a conversa (por exemplo: você está falando que a área passou por acessibilidade de processos e rotinas por conta de uma Pessoa com Deficiência que chegou ao time), utilize o termo Pessoa com Deficiência, ao invés de “PCD” ou “Deficiente”.
“Ela deve estar de TPM… só pode!”
Enquanto um homem que se posiciona de maneira assertiva é visto com alguém
seguro de si ou com habilidades para liderança, mulheres nas mesmas condições são reduzidas ao papel de barraqueiras ou descompensadas.
Neste caso, você pode se colocar disponível para ajudar no que for necessário. Por exemplo: “Você está estressada? Tem algo que eu posso fazer para ajudar?”
Saiba mais:
Ebook: expressões preconceituosas para eliminar do seu vocabulário
Reconheça seus preconceitos e vieses inconscientes
Esta é uma atitude fundamental. Devemos buscar estudar, entender e desconstruir nossos vieses inconscientes.
Saiba mais
Como afirma Letícia Rodrigues, “vieses estão na base de decisões nem sempre objetivas como: adiar a promoção de mulheres que acabaram de ser mães para cargos de liderança pela crença de que elas serão menos comprometidas nesta fase da vida; excluir profissionais já por volta dos 45 anos das oportunidades de acesso à alta gestão pela crença de que, se não chegaram lá até aquele momento, então não têm condições de desenvolver as competências necessárias faltantes; ou impor critérios acima das exigências reais da vaga na esperança de, assim, selecionar os melhores candidatos, entre outras situações que acabam por minar a credibilidade dos esforços de diversidade e inclusão quando em curso na organização.”
Estude, aprenda e fure sua bolha
O aprendizado é uma tarefa essencial de quem deseja tornar-se uma pessoa aliada.
Por isso, acompanhe autores e pensadores que falam sobre o tema, consuma vídeos, filmes, livros e outros conteúdos criados por pessoas de grupos minorizados, e fure sua bolha conhecendo novos espaços e pessoas.
Saiba mais:
Conquistas femininas ao longo da história do Brasil
9 mulheres pretas que transformaram o Brasil
Filmes e séries
Comunidade LGBTI+: 10 filmes para conhecer
Lista de 20 filmes e séries sobre Racismo
Lista de filmes sobre Pessoas com Deficiência
Use seus privilégios e espaços de poder para abrir oportunidades e combater preconceitos
Ser antirracista, antimachista, anticapacitista, antiLGBTfóbico e contra qualquer forma de preconceito ou violência, na prática, é essencial.
Não basta somente aprender e ser passivo nesta luta. É preciso abrir oportunidades e portas por meio dos seus privilégios, além de se posicionar de forma contundente quando presenciar atos de preconceito.
Exemplos:
Após uma agressão racista no metrô de São Paulo, os outros passageiros impediram a fuga da mulher que cometeu o crime até a chegada da polícia militar.
Programas de contratação intencionada, por sua vez, são uma forma de abrir espaços para pessoas que não tiveram as mesmas oportunidades. Ou seja, a pessoa aliada se utiliza dos seus privilégios para abrir portas para pessoas de grupos minorizados.
A pessoa aliada na área de Diversidade, Equidade e Inclusão
O contexto é o mesmo para o ecossistema de Diversidade, Equidade e Inclusão, uma vez que grande parte das lideranças em DE&I são pessoas aliadas.
Segundo um levantamento de 2021 da Tree, a maior parte das pessoas que atuam no setor é branca (51,1%), mulher cisgênero (75,7%), heterossexual (63,8%) e sem qualquer tipo de deficiência (94,2%). Ou seja, uma pessoa que pode se colocar como aliada desses grupos.
Para Letícia Rodrigues, que liderou o estudo, “a gente encontrou essa questão da falta de diversidade dos profissionais e isso se deve ao fato de que eles são os que estão nas empresas como os demais, é a falta de representatividade que se vê no geral”
Ela entende que o problema de ter uma figura “padrão” na liderança de DE&I é o não comprometimento. “O problema é ter a visão só dessa pessoa para estabelecer programas e políticas, a empresa precisa trazer olhares diversos para poder estabelecer estratégias. É importante que a pessoa que não seja de grupo minorizado consiga navegar pela temática, esteja preparada e consiga ouvir os diferentes stakeholders, trazer ponto de vista de minoria.”
Treinamento: privilégio, empatia e pessoa aliada
A Tree conta com treinamento sobre o tema. Veja os tópicos abordados e agende uma conversa com nossa equipe para saber mais.
• Grupos historicamente minorizados;
• Conceitos: privilégio, empatia, solidariedade;
• Dinâmicas de poder;
• O que é e quem pode ser uma pessoa aliada;
• O que é preciso para ser uma pessoa aliada – o que fazer e não fazer;
• Lugar de fala e/ou localização geopolítica da narrativa;
• O papel do indivíduo enquanto agente de transformação;
• O meu papel como pessoa aliada na organização e na sociedade.
