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Como promover a diversidade religiosa nas empresas?

A temática da diversidade religiosa no Brasil encontra paralelo no mito da diversidade racial, que acredita que “o Brasil não é um país racista”. Isso acontece por uma falsa crença de que não há discriminação religiosa no país, com todas as crenças sendo respeitadas. 

Essa premissa equivocada faz com que as discussões sobre intolerância religiosa sejam suprimidas, como é o caso da diversidade religiosa nas empresas. 

Por isso, neste artigo você compreenderá mais sobre a pluralidade religiosa no Brasil, dicas de ações de combate à intolerância religiosa nas empresas, além de ideias para promoção de ambientes de trabalho ecumênicos, tolerantes e respeitosos. 

Diversidade religiosa no Brasil

Segundo dados do censo demográfico de 2010, realizado pelo IBGE, o Brasil possui mais de 10 religiões com número expressivo de adeptos. São elas: 

  • 64,6% de pessoas católicas (cerca de 123 milhões);
  • 22,2% de pessoas protestantes/evangélicas (cerca de 42,3 milhões); 
  • 2% de pessoas espíritas (cerca de 3,8 milhões);
  • 0,7% de pessoas testemunhas de Jeová (1,4 milhão); 
  • 0,3% de pessoas de religiões de matriz africana – (Candomblé, Umbanda, Tambor de Mina e outras (588 mil);
  • 1,6% (3,1 milhões) declaram-se seguidores de outras religiões
    • budistas (243 mil);
    • judeus (107 mil);
    • messiânicos (103 mil);
    • esotéricos (74 mil);
    • espiritualistas (62 mil);
    • islâmicos (35 mil); e 
    • hoasqueiros (35 mil).
  • 8,0% declararam-se sem religião (cerca de 15,3 milhões).

Embora 89% da população brasileira seja cristã (cristãos católicos, cristãos espíritas e cristãos evangélicos), temos uma minoria plural e de diferentes matrizes religiosas. Como você verá abaixo, esses grupos religiosos possuem diferentes dogmas e práticas religiosas que podem impactar a dinâmica do ambiente de trabalho, sendo necessário levar o debate sobre diversidade e intolerância religiosa para esses espaços. 

Apesar da crescente violência religiosa que acompanhamos na imprensa, o Brasil segue sendo referência em liberdade religiosa. Segundo dados da Pew Research, nós lideramos durante anos o ranking de liberdade religiosa entre os 25 países com maior população. Porém, na última atualização que ocorreu em 2019, caímos para a quinta colocação.

Essa queda é um indicador de atenção para que voltemos a discutir a pluralidade religiosa e a promoção de espaços comuns ecumênicos, ou seja, espaços que unem pessoas de diferentes religiões.

Combate à intolerância religiosa nas empresas

Segundo dados de denúncias recebidas pelo Disque 100 do Governo Federal, em 2022,  o Brasil registrou três queixas de intolerância religiosa por dia. O combate ao preconceito contra religiões se tornou uma agenda que a sociedade e até as empresas precisam debater, uma vez que essa forma de discriminação chegou até aos espaços corporativos.

Justiça condena casos de intolerância religiosa em empresas

Em 2021, 18ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo condenou uma empresa do setor de autopeças a pagar uma multa por danos morais a uma pessoa de fé judaica da equipe que foi alvo de perseguição de seu superior hierárquico, que tinha o hábito de fazer saudações nazistas em reuniões, além de enaltecer Hitler. 

Ainda em 2021, a justiça condenou um caso antigo onde funcionários de uma instituição bancária chamaram uma colega de ”macumbeira vagabunda e sem-vergonha”, além de terem a acusado “ter colocado pó de macumba” em suas mesas (o pó, na verdade, vinha da limpeza dos dutos do ar condicionado e caía nas mesas).  Nesse caso, inclusive, o TRT-RJ condenou a empresa a pagar de R$ 100 mil por dano moral coletivo.

A melhor forma para evitar o preconceito e episódios como estes, citados acima, é por meio do conhecimento e da inclusão. Por isso, confira ações práticas para promover a igualdade religiosa em sua organização.

Como promover a diversidade religiosa nas empresas?

A seguir você confere cinco dicas de como promover a diversidade religiosa nas organizações.

Crie um código de vestimenta inclusivo

Segundo especialistas, não há uma legislação trabalhista rígida sobre código de vestimenta das empresas. O artigo 456 da lei nº 13.467, de 2017, diz que “cabe ao empregador definir o padrão de vestimenta no meio ambiente laboral, sendo lícita a inclusão no uniforme de logomarcas da própria empresa ou de empresas parceiras e de outros itens de identificação relacionados à atividade desempenhada”.

Nesse contexto, temos dois cenários e suas respectivas problemáticas:

  • A empresa oferece uniformes aos funcionários: nesse caso, recomendamos que a empresa ofereça uniformes inclusivos e adaptados às necessidades das pessoas colaboradoras.Por exemplo, se uma mulher muçulmana se une ao time, o uniforme deve seguir seu padrão de vestimenta, mas acrescentar a logomarca da empresa.

    Além disso, recomendamos que o uniforme conte com roupas em formatos neutros, que possam ser utilizadas por pessoas cis, trans (binarias enão binárias) sem desconforto pessoal. Ainda, cabe ressaltar que a obrigação de oferecer o uniforme cabe à empresa.
  • A empresa estabelece um código de vestimenta: muitas carreiras estabelecem um dress code (código de vestimenta) social para o trabalho presencial. Nesses casos, é importante sinalizar nessa política o direito das pessoas utilizarem vestimentas de suas respectivas crenças no dia a dia do trabalho, como o uso de turbantes, véus ou demais itens de vestuário. 


Há ainda outras organizações que dispensam um dress code. Nesses casos, recomendamos que a empresa sinalize o compromisso com a inclusão e a permissão para utilização de vestimentas que reflitam a fé de suas pessoas colaboradoras

Adaptação de horários e dias de trabalho

Pessoas da fé Adventistas do Sétimo Dia resguardam o sábado para professarem sua fé, abstendo-se de trabalhar e comparecer a outros eventos sociais. Nesse contexto, caso a organização tenha o sábado como dia útil de trabalho, ela pode, por exemplo, oferecer como benefício inclusivo a troca deste dia de trabalho por outro. 

No caso da fé islâmica, por outro lado, existe a celebração do Ramadã. O período varia conforme o calendário árabe, porém dura cerca de 30 dias, e, ao longo desse período, as pessoas muçulmanas devem realizar um jejum obrigatório entre o nascer e o pôr do Sol, não podendo comer alimentos ou ingerir líquidos, incluindo água. 

Não alimentar-se ou hidratar-se ao longo do dia pode deixar a pessoa fisicamente mais fragilizada. Por isso, caso a atividade exercida por aquela pessoa permita, ofereça o benefício do trabalho remoto durante aquele período. Trabalhar de casa garantirá maior conforto para que a pessoa professe sua fé. 

Cada religião possui sua própria prática religiosa. Por isso, converse com seu time e busque criar benefícios inclusivos que respeitem a fé da pessoa. 

Política de tolerância religiosa

Como vimos anteriormente, casos de intolerância religiosa vêm crescendo nos últimos anos. Para evitar episódios semelhantes em sua organização, crie uma política interna de tolerância zero às diversas formas de discriminação, incluindo o preconceito religioso.

Promova também palestras e/ou treinamentos sobre as diferentes formas de prática religiosa no país, como forma de sensibilização e educação corporativa.
Veja, abaixo, exemplos práticos de políticas de igualdade religiosa. 

Boa prática: Centro de Liberdade Religiosa

A empresa aérea Gol por anos contou com uma capela interna com imagens e itens da fé católica. Após a realização de um censo da diversidade, a empresa descobriu que o time professava mais de 70 crenças distintas. Diante disso, a empresa reformulou o espaço e criou um Centro de Liberdade Religiosa, com uma decoração generalista, mas acolhedora, e que atendia a todos os públicos internos. 


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Boa prática: política interna de promoção da igualdade religiosa

A NeoAssist conta com um time plural e que professa diferentes religiões. Diante disso, a empresa criou uma política de promoção da igualdade religiosa, no qual disponibiliza sete dias no ano às pessoas colaboradores de religiões não cristãs, para celebração de datas comemorativas de suas respectivas religiões. 

A política também regulamentou as pausas para oração ao longo do dia, e adequou o código de vestimenta conforme as orientações de cada religião. Outro ponto importante foi a adequação do cardápio alimentício nos eventos realizados na empresa, uma vez que diversas religiões possuem restrições alimentares.

Conte com o apoio do grupo afinidade para o mapeamento das necessidades

O mapeamento de informações como restrições alimentares, vestimentas e demais práticas religiosas é complexo. Por isso, conte com o apoio do grupo de afinidade religioso de sua organização. Eles poderão compartilhar suas necessidades para que o time de DE&I construa uma política inclusiva e acolhedora. 

Conte com apoio técnico para esse processo

Criar políticas e revisar processos é um processo que exige conhecimento técnico. Por isso, conte com o apoio de consultores(as) em DE&I nesta jornada. 

E nós, da Tree Diversidade, podemos lhe ajudar. Já trabalhamos com mais de 200 empresas e organizações em iniciativas com foco em equidade de gênero, inclusão étnico-racial, inclusão de Pessoas com Deficiência(s), diversidade religiosa, ambientes seguros para profissionais LGBTI+ e outros grupos de diversidade.

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