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Como combater piada, assédio moral e atitudes preconceituosas nas empresas?

Uma “piada de português” custou caro a uma empresa de produtos eletrônicos: R$ 78,8 mil. O comportamento inadequado dos funcionários com um colaborador de nacionalidade portuguesa era constante. Segundo a vítima, ele era alvo de comentários preconceituosos e em tom ofensivo, como “isso é coisa de português”.

O exemplo acima demonstra um dos impactos de “piadas” aparentemente “inofensivas”, mas que carregam vieses inconscientes e preconceitos que configuram-se assédio moral perante a lei. 

O custo de uma “piada” vai além de um processo. Ela pode gerar um aumento na taxa de turnover (taxa de rotatividade de funcionários), gerando a perda de talentos, danos à imagem pública da marca, perda de clientes, entre outros revezes que prejudicam a marca. 

É como um efeito dominó. Ao se tornar público, o episódio acarreta sérios danos à empresa, demandando um alto investimento em gestão de crise. 

Não existe uma solução única e definitiva para esse problema, mas, sim, uma alternativa que minimiza os riscos e prepara a organização para uma rápida tomada de ação. 

Ao promover a Gestão da Diversidade, a organização adota um olhar sistêmico para a prevenção e combate a comportamentos inadequados e preconceituosos. Por isso, neste artigo você entende o que é assédio e ações que as empresas podem adotar em seu enfrentamento. 

Assédio: um comportamento que não deve ser tolerado no ambiente de trabalho

A “piada”, citada acima, é apenas um dos comportamentos inadequados. O assédio  moral e sexual, infelizmente, é uma prática ainda comum em muitas organizações. Antes de abordarmos como combatê-lo, é importante entender os casos onde o assédio acontece.

O que é assédio?

O assédio é, acima de tudo, um ato de abuso de poder de uma parte que sente-se superior à outra. No meio corporativo ele tende a ter um viés hierárquico – uma pessoa em cargo superior assedia outra em cargo inferior, porém não é regra, uma vez que o assédio envolve diversos marcadores sociais e vieses inconscientes. 

Além do assédio moral, como o caso da “piada” citada acima, que pode manifestar-se de diferentes formas, existe também o assédio sexual, que vai da importunação sexual por mensagens até agressões sexuais.

O que é assédio moral?

Segundo o Tribunal Superior do Trabalho, assédio moral é a exposição de pessoas a situações humilhantes e constrangedoras no ambiente de trabalho, de forma repetitiva e prolongada, em qualquer meio (ações, falas, bilhetes, mensagens, etc.). 

O assédio moral acontece de forma direta, por meio de gritos, humilhações, acusações indevidas e não fundamentadas; e de forma indireta, com fofocas, exclusão de atividades e boicotes. 

Confira exemplos de práticas que configuram-se assédio perante a lei:

  • Humilhar ou criticar uma pessoa de forma recorrente;
  • Sabotar ou prejudicar o trabalho de uma pessoa da equipe;
  • Compartilhamento de ‘fofocas’ e suposições maliciosas;
  • Importunação por alguma característica da pessoa;
  • entre outros

Um ponto importante é a recorrência do ato. Segundo a legislação, uma atitude pontual é considerada um dano moral, enquanto algo recorrente é considerado um ato de assédio moral.

Racismo e LGBTfobia são crimes

Cabe reforçar que racismo e LGBTfobia são crimes na legislação brasileira. Portanto, uma “piada” racista ou LGBTfóbica deixa de estar no campo do assédio moral, configurando-se crime de racismo e/ou LGBTIfobia. 


Nestes casos, encaminhe o fato à esfera da justiça, e coloque-se ao lado das autoridades no fornecimento de provas, evidências e depoimentos. 

O que é assédio sexual

Assédio sexual, por sua vez, configura-se como um comportamento recorrente de cunho sexual que vise humilhar ou intimidar uma pessoa, seja esse ato cometido de forma física ou verbal (inclusive de forma virtual). 

Ele acontece quando a vítima se vê em uma situação onde é pressionada a aceitar o assédio e realizar alguma atividade sexual contra sua vontade para manter seu emprego ou conseguir uma promoção, por exemplo. 

E quando a pessoa abusadora cria um ambiente de trabalho hostil, constrangedor e ameaçador à vítima. Isso pode acontecer por meio de piadas de cunho sexual ou comentários relacionados ao tema, comentários sobre a aparência ou roupas da vítima, envio de mensagens com conteúdos inapropriados à vítima, mensagens não relacionadas à troca profissional, entre outras ações que tornem o ambiente de trabalho um espaço de constrangimento e/ou medo à vítima. 

É natural que relacionamentos ou flertes aconteçam com pessoas que atuam juntos, porém isso deve acontecer de uma forma respeitosa e dentro de um contexto, de forma que nenhuma das partes sinta-se constrangida ou coagida de alguma forma a prosseguir com a conversa.

Assédio é crime e deve ser denunciado

Ao passar por uma situação de assédio, a vítima deve encontrar à sua disposição um canal de denúncias que garanta seu sigilo e proteção, além de encontrar apoio por parte da empresa.

As equipes de DE&I, RH e/ou Compliance devem atuar juntas na construção de um código de ética e condutas onde prevê episódios do gênero e ofereçam soluções, bem como treinar a equipe sobre práticas que configuram assédio a fim de tornar mais fácil o diagnóstico desses episódios e reduzir a frequência com que eles acontecem.

Como tratar casos de assédio nas empresas?

O assédio é algo que pode e deve ser evitado pelas organizações, mas que mesmo assim continuará acontecendo e precisará ser responsabilizado. 

Ações de prevenção ao assédio nas empresas

O entendimento sobre assédio ainda é raso por parte de grande parte dos colaboradores nas empresas, por isso a educação corporativa tem um papel chave de transformação dessa mentalidade. 

Palestras e treinamentos sobre o tema devem ser constantes e aplicados a todas as novas pessoas colaboradoras. Isso garante que toda pessoa que se junta ao time passou por um treinamento sobre comportamentos não tolerados pela empresa. Aplique também workshops simulando situações reais de assédio. Isso auxilia o time a entender como denunciar e como lidar com essas situações no dia a dia.

Além disso, a construção de uma política de conduta, assinada pela pessoa colaboradora antes de juntar-se à empresa, é essencial e garante uma ciência da pessoa sobre as regras da companhia.

Ações de combate ao assédio  nas empresas

O assédio está diretamente relacionado ao caráter da pessoa. Os treinamentos e aceites dos termos podem evitar episódios do tipo, mas não garantem que eles não acontecerão.

Por isso, elabore um processo para os casos de denúncia que acolha a vítima, garanta o sigilo do processo, escute todas as partes e solucione com transparência todo o processo. 

Contar com o apoio de parceiros externos neste momento também pode ser estratégico em casos onde o time é pequeno e os envolvidos fazem parte da equipe responsável pelo acompanhamento da denúncia. 

O ocorrido não deve ser esquecido. Portanto, reforce os treinamentos após os episódios de assédio, como forma de recordar o time dos compromissos acordados.

Conheça o treinamento “Comportamentos Não Inclusivos: Da Piada Ao Assédio”

Como visto acima, a educação corporativa é um primeiro passo que deve ser adotado no enfrentamento ao assédio. Nesse contexto, desenhamos um treinamento com foco na sensibilização dos colaboradores das empresas sobre o tema. 

Ele aborda tópicos, como:
• O que são comportamentos não inclusivos, não adequados e não tolerados;

• Discriminação, bullying corporativo, microagressões, assédios;

• Necessidade de romper com vieses de linguagem oral, escrita e gestual para ter ambientes mais diversos, inclusivos e seguros;

• Cases e notícias sobre comportamentos não inclusivos e os efeitos para as organizações;

• Ambiente seguro – a importância da segurança psicológica e do ambiente inclusivo;

• Diferença entre piadas, brincadeiras, ofensas, e discriminação.

Agende uma conversa com nossa equipe e saiba mais.