Formar equipes diversas e criar ambientes acolhedores para recebê-las tem sido uma preocupação constante de empresas comprometidas em participar de uma mudança social necessária. Neste sentido, a preparação de eventos corporativos faz parte da rotina de muitas organizações e, também, necessita que os profissionais de Recursos Humanos e DE&I estejam preparados para fornecer a experiência adequada a cada funcionário.
Cabe lembrar que uma simples celebração pode se tornar um grave problema de crise de imagem para a organização. Foi o caso de uma multinacional que promoveu um concurso à fantasia na festa de final, no qual funcionários utilizaram fantasias racistas e geraram uma grave crise de imagem.
Por isso, neste texto você irá conhecer algumas ações que devem ser pensadas a fim de garantir a diversidade e inclusão em eventos internos e externos da organização, happy hours, festas de final de ano e demais encontros.
Retomando o conceito de Diversidade, Equidade e Inclusão
Compreender a diferença entre diversidade, equidade e inclusão é fundamental porque, em geral, costumamos ter noções superficiais sobre o conteúdo de cada uma dessas concepções.
No caso de eventos corporativos, não basta somente convidar todas as pessoas, é preciso garantir que todas possam estar lá, sintam-se acolhidas, esperadas e capazes de usufruir de todas as atividades. A diversidade tem a ver com a pluralidade e representatividade: todos nós somos diversos. Já a inclusão, por sua vez, está ligada à instauração de uma mudança de cultura e comportamento em relação às pessoas diversas. Por fim, a Equidade entende que as pessoas não partem de um mesmo ponto, no qual alguns possuem vantagens e outros, desvantagens e barreiras.
Com isso em mente, os eventos da sua organização – do happy hour do fim do dia às celebrações para toda a organização – devem refletir todas as pessoas presentes. Por exemplo: pessoas veganas, vegetarianas ou com algum tipo de intolerância alimentar precisam de um menu mais específico. Se a organização não contemplar isso, possivelmente essas pessoas não terão o que comer.
Boas Práticas para eventos corporativos
Abaixo, reunimos itens fundamentais que devem ser levados em consideração na hora de planejar um evento interno ou externo. Confira:
1. Conheça seu público
É importante conhecer bem o seu público, assim você evita investir em algo que as pessoas não vão utilizar e, ao mesmo tempo, fornecer o que será necessário.
Para isso, realize um diagnóstico que inclua perguntas específicas sobre a diversidade do público do evento do cliente, como por exemplo: há pessoas com deficiência ou pessoas com obesidade? Pessoas estrangeiras? Com exigências na sua dieta (ex: intolerância à lactose ou veganos)? E quanto à faixa etária?
Se o evento for interno, envie uma pesquisa com todos os itens necessários para a organização do encontro e crie bonificações para que você receba um número expressivo de respostas.
Se for externo e não for possível esse mapeamento, garanta que suas escolhas são plurais e capazes de atender diferentes perfis de pessoas. Lembre-se também de reservar um orçamento para medidas de última hora que possam ser necessárias.
2. Selecione um espaço plural
Opte por espaços planos e térreos, com o mínimo de desníveis entre ambiente. Preste atenção quanto à presença de rampas com corrimão, elevadores e plataformas elevatórias, que propiciam a locomoção segura e independente de pessoas em cadeira de rodas, com muletas ou com alguma dificuldade de andar. Procure saber também da existência de banheiros adaptados e de sinalizações acessíveis (exemplos: com braile, avisos sonoros, com letras grandes e em relevo etc), além de bem distribuídos e sem limitações LGBTfóbicas.
3. Planeje o acesso ao evento
É importante que os participantes saibam as formas de se chegar ao evento, principalmente com foco no público com mobilidade reduzida. Além disso, crie documentos com orientações claras sobre o ambiente.
Alinhe também com os organizadores se existem vagas de estacionamento para Pessoas com Deficiência.
4. Divulgação inclusiva
Ao divulgar seu evento, deve-se pensar em como a comunicação chegará até as pessoas usuárias. As peças de comunicação são acessíveis? Possuem fonte visível, descrição de imagens, combinação de cores e alinhamento de texto? Pode haver pessoas cegas, com baixa visão, daltônicas, com dislexia por exemplo.
Além disso, peça uma avaliação para Pessoas com Deficiência para checar se algo passou despercebido. Ter um grupo teste que valide toda e qualquer iniciativa de acessibilidade é o ideal a se fazer.
5. Recursos de acessibilidade durante o evento
Para que uma boa experiência do seu público, considere alguns detalhes importantes, como serviços de intérprete de Libras (Língua Brasileira de Sinais) para tradução das palestras, bem como audiodescrição (essencial para pessoas cegas) e estenotipia (legendagem ao vivo, para pessoas surdas oralizadas).
Se houver plateia, lembre-se de garantir corredores com no mínimo 1,50 metros de largura e espaço mínimo entre fileiras de cadeiras de 60 cm.
Também se faz necessário haver espaços para pessoas em cadeira de rodas e assentos para pessoas com mobilidade reduzida (ex: idoso ou gestante) e pessoas obesas. Se for entregar algum material impresso, lembre-se de adicionar Braille e ter uma versão multimídia (ex: aplicativo ou totem).
6. Ambiente culturalmente diverso
Trilha sonora, decoração, temática da festa… converse com a equipe e busque entender como tornar o ambiente plural e diverso.
Busque criar também espaços mais reservados e com menos barulhos para pessoas que desejam conversar ou estar em um ambiente mais calmo.
7. Festas à fantasia
Como visto acima, uma simples festa à fantasia pode gerar uma grave crise na organização. Isso não quer dizer que elas devem ser evitadas; mas, sim, que requerem maior prudência e organização.
Como sabemos, o racismo, machismo e LGBTfobia são estruturais em nossa sociedade. Por isso, algumas pessoas podem não considerar certas fantasias preconceituosas. Nesse caso, recomendamos que a empresa aplique palestras recorrentes sobre Diversidade, a fim de promover o conhecimento sobre o tema. Além, é claro, de enviarem recomendações por escrito estimulando a reflexão das pessoas sobre as fantasias utilizadas. Recomenda-se também um apoio para validação prévia com o time responsável, caso seja necessário.
Na dúvida, pergunte!
Converse com diferentes pessoas e organizações e consolide sempre boas práticas e orientações para seus eventos. Esta é a melhor forma de promover um evento inclusivo e acolhedor.
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