O trabalho remoto não é exatamente uma novidade, mas muitas empresas ainda tinham certa resistência ao home office. O fato é que a pandemia do novo Coronavírus acelerou a necessidade de adaptação ao trabalho no ambiente doméstico.
Essa mudança trouxe novos desafios a todas as organizações, que, sem planejamento prévio, tiveram que readequar processos, reestruturar a comunicação, modificar os canais de vendas e, sobretudo, ampliar o suporte aos funcionários para que eles continuassem engajados e entregando resultados.
Diante desse cenário, você já parou para pensar nos seus colaboradores com deficiência? Será que eles estão tendo todas as ferramentas necessárias para desempenhar bem as suas atividades em casa?
A empresa é responsável por fornecer todas as condições para que a equipe possa realizar suas funções nesse período, incluindo, é claro, as pessoas com deficiência. E a acessibilidade no home office faz parte disso!
Acessibilidade no home office: por que precisamos nos preocupar com isso?
A lei de cotas (8213/1991), que reserva até 5% das vagas do mercado de trabalho para pessoas com deficiência em empresas com mais de 100 funcionários, completou 29 anos em julho deste ano. Ainda assim, até hoje, muitas descumprem a lei, fazendo com que tenhamos menos da metade das vagas destinadas a pessoa com deficiência ocupadas.
Se a sua empresa está dentro do grupo que emprega pessoas com deficiência e cumpre a cota, parabéns, ela está no caminho certo! Mas saiba que esta é apenas a primeira etapa para que ela seja uma empresa inclusiva.
Porque não adianta gerar empregos para PcDs sem proporcionar acessibilidade, em suas diversas formas:
- Acessibilidade arquitetônica: relacionada aos ambientes físicos e à estrutura necessária para realização das atividades
- Acessibilidade comunicacional: seja face a face, escrita ou virtual
- Acessibilidade atitudinal: relacionada à cultura organizacional, compreendendo sensibilização, conscientização e convivência
- Acessibilidade normativa: eliminação das barreiras invisíveis em textos normativos, como políticas e manuais
- Acessibilidade metodológica: relacionada a instruções baseadas nas inteligências múltiplas e novos conceitos de aprendizagem
- Acessibilidade instrumental: relacionada aos aparelhos e equipamentos de uso no trabalho
Uma vez que você dá oportunidades para pessoas com deficiência na sua empresa, seu ambiente de trabalho deve ser o mais diverso e inclusivo possível, certo? Pois então, nada mais correto do que levar toda a acessibilidade disponível no escritório para o home office.
Quer saber como fazer isso? Separamos algumas recomendações abaixo:
Conheça as necessidades de cada um
Trabalhar em home office pode parecer algo simples para a maioria, afinal, não é preciso enfrentar o trânsito caótico para chegar ao escritório, basta ligar o computador e pronto.
Mas, para uma pessoa com deficiência, a mudança no ambiente de trabalho exige algumas adaptações extras, da mesma forma que acontece na empresa.
Sendo assim, a primeira coisa que os gestores devem fazer é mapear todos os funcionários com deficiência e as adaptações que cada um deles precisa, afinal, para cada tipo de deficiência há uma necessidade específica.
Saiba quais são as ferramentas de acessibilidade de acordo com cada tipo de deficiência.
Ferramentas do home office e acessibilidade
Com o home office, tivemos de incorporar novos hábitos e ferramentas de trabalho em nosso dia a dia, como as videoconferências e os ambientes para o compartilhamento de documentos.
Essas plataformas auxiliam bastante no desempenho de tarefas, mas podem se tornar um problema para as pessoas com deficiência. Confira abaixo algumas particularidades:
Pessoas cegas e com baixa visão
As plataformas de videoconferência se tornaram indispensáveis no home office, justamente porque facilitam reuniões, apresentações e a interação das equipes.
No entanto, é preciso escolher uma plataforma de videoconferências compatível com leitores de tela e outros softwares específicos para quem tem baixa visão. O Zoom é considerado uma das ferramentas de videoconferências mais acessíveis para quem utiliza tecnologias assistivas.
Além disso, veja também a possibilidade de ter suporte de audiodescrição — em que há um profissional descrevendo as imagens para os cegos.
Pessoas surdas e deficientes auditivos
Dois recursos muito importantes para a acessibilidade dos surdos e dos deficientes auditivos é a participação de um intérprete de LIBRAS e/ou legendas em todas as reuniões e apresentações, o que vale tanto para o trabalho no escritório quanto em casa.
A contratação de um intérprete ajudará os colaboradores com essa deficiência a participarem mais ativamente das reuniões e, assim, melhorar seu desempenho no trabalho.
Porém, existem surdos que não são alfabetizados na linguagem brasileira de sinais. Nesse caso, a legenda pode suprir essa necessidade. O Google Meet, que é gratuito, já vem com o recurso de captions (legendas), assim como o Skype – benefício também para deficientes auditivos oralizados, que podem ter uma melhor experiência em videoconferências com muitas pessoas.
Pessoas com deficiência física
As orientações para pessoas com deficiência física são mais relacionadas ao ambiente e às ferramentas externas. Ele pode precisar de algum móvel específico ou um aparelho que facilite a execução das tarefas, então, é preciso transportar esses aparelhos para a casa do funcionário ou, se for necessário, adquirir novos que se adaptem ao seu espaço.
Pessoas com deficiência intelectual
Pessoas com deficiência intelectual ou no espectro autista, embora normalmente se sintam mais confortáveis dentro de casa, podem ser impactadas pela mudança repentina de sua rotina e demoram um pouco mais a se adaptar, por isso é preciso ser mais flexível com esses profissionais.
Caberá ao gestor compreender e acompanhar de perto o desenvolvimento dessas pessoas, dando todo o apoio necessário para que cumpram suas tarefas da melhor maneira possível. Nesse período, pode ser uma boa ideia considerar a flexibilização das metas.
Como você pode notar, propiciar a acessibilidade no ambiente de trabalho é complexo e requer uma atenção especial dos gestores e do setor de Recursos Humanos, principalmente neste momento. Se a sua empresa não tiver estrutura ou know-how internamente para conduzir esses processos, conte também com uma consultoria especializada como a TREE.