Em novembro, eu, Letícia Rodrigues, sócia da TREE Diversidade, viajei a Genebra, na Suíça, para participar do 13º Fórum das Nações Unidas sobre Empresas e Direitos Humanos. Agora, retorno ao Brasil com ainda mais repertório para pensar em soluções ESG integradas e interseccionais para nossos clientes.
E, claro, não poderia deixar de compartilhar os aprendizados com você, que nos acompanha aqui no blog da TREE. Por isso, confira abaixo os principais insights que coletei!
Letícia Rodrigues
Sócia da TREE Diversidade
Me acompanhe no LinkedIn
Diligência devida em direitos humanos
A diligência devida (ou human rights due diligence) é uma exigência crescente para que as organizações identifiquem, previnam, mitiguem e reparem os impactos adversos de suas operações.
Regulamentações como a Lei de Cadeias de Suprimento da Alemanha e a Diretiva Europeia de Diligência Devida Corporativa Sustentável estão pressionando empresas a adotarem práticas mais robustas, especialmente em suas cadeias globais de fornecimento.
Entre os principais desafios, os especialistas destacam a identificação de riscos em cadeias de suprimentos complexas, a garantia de transparência em países com baixa governança e o engajamento de fornecedores locais de forma ética e eficaz.
No Brasil, essa é uma discussão que deve ganhar força nos próximos anos. Por isso, é importante que você fique atento e garanta que os riscos e impactos da sua organização estejam devidamente mapeados.
Direitos dos trabalhadores e cadeias globais de suprimento
Temas como exploração trabalhista, trabalho infantil e condições precárias de trabalho são questões latentes, especialmente em indústrias como moda, agricultura e mineração.
A principal discussão do Fórum girou em torno de salários dignos, condições seguras de trabalho, representações sindicais e liberdade de associação.
Um dos principais tópicos abordados foi o das condições de trabalho na mineração de cobalto, essencial para baterias de carros elétricos. No entanto, é preciso fazer um recorte regional: no caso do Brasil, dados recentes do Ministério do Trabalho e Emprego mostraram que a “lista suja” do trabalho escravo teve a maior atualização da história, com 204 novos nomes.
Justiça climática e direitos humanos
As mudanças climáticas afetam desproporcionalmente comunidades vulneráveis, exacerbando desigualdades. No Brasil, essa discussão ganhou força em 2024, com o debate sobre “racismo ambiental” pautando redes sociais, governo federal e imprensa.
No Fórum, discutimos que as organizações são desafiadas a:
- Incorporar direitos humanos em suas estratégias climáticas;
- Garantir a participação de comunidades locais em decisões sobre projetos de transição energética, como eólicos e solares; e
- Reparar danos ambientais que impactam diretamente populações indígenas e marginalizadas.
Tecnologia, inteligência artificial e privacidade
O uso crescente de tecnologias avançadas levanta uma série de questões éticas, como proteção da privacidade e dos dados pessoais; racismo algorítmico, especialmente em processos de recrutamento e crédito; e monitoramento de trabalhadores (por exemplo, rastreamento em fábricas e escritórios).
A discussão gira em torno de como garantir que tecnologias respeitem os direitos humanos desde a sua concepção – conceito conhecido como human rights by design. Vou além: com base nos casos já observados de racismo algorítmico, é fundamental que as pessoas que desenham, modelam e treinam ferramentas de IA sejam letradas em temas de diversidade, equidade e inclusão. Caso contrário, essas ferramentas continuarão reproduzindo os vieses inconscientes de seus criadores.
Diversidade, inclusão e igualdade de oportunidades
Diversidade, Equidade e Inclusão, além de ser um tema transversal aos demais, também recebeu destaque durante o Fórum. Entre os temas centrais debatidos, que devem ser tendência nos próximos anos, destaco:
- Combate à discriminação racial, de gênero e LGBTI+;
- Criação de políticas de equidade salarial e acesso a posições de liderança;
- Garantia de representatividade em mercados globais.
Saiba mais
Como corrigir o Gender Pay Gap e promover a gestão da diversidade?
Reparo e acesso à justiça
As organizações estão sendo desafiadas a ir além da mitigação de riscos e a fornecer mecanismos eficazes de reparação para comunidades ou indivíduos afetados por suas operações. Este tópico é especialmente relevante em casos como:
- Deslocamentos forçados devido a grandes projetos de infraestrutura;
- Poluição ambiental com impacto em comunidades locais.
No Brasil, esses episódios, infelizmente, são comuns, o que levou essa discussão para além da esfera corporativa. A Câmara dos Deputados aprovou um projeto que prevê obrigações para empresas que causarem desastres. O projeto aguarda agora apreciação pelo Senado Federal.
Papel das empresas em contextos de conflito e autoritarismo
O Fórum também debateu como as organizações devem operar em países com violações sistemáticas de direitos humanos, como regimes autoritários ou guerras em andamento. O foco está em evitar a cumplicidade com governos abusivos, proteger trabalhadores locais e desafiar restrições à liberdade de expressão e outros direitos fundamentais.
Como você pode observar, a tendência corporativa em DE&I e ESG para 2025 é o compromisso das organizações com suas comunidades e com o impacto gerado a elas. Cada vez mais, as empresas são organismos vivos, que transformam vidas além das de seus colaboradores e clientes. Ter essa visão sistêmica – que considere também fornecedores e as pessoas da comunidade no entorno – é a chave para o sucesso em políticas ESG.
Se você enfrenta esse desafio, agende uma conversa com a TREE. Desenvolvemos soluções personalizadas para os seus desafios.