Organizações com equipes com mais de 30% de mulheres em posições executivas têm chances maiores de apresentar melhores resultados financeiros do que aquelas com times sem diversidade de gênero. A conclusão foi do estudo How Inclusion Matters, elaborado pela Consultoria McKinsey.
Mas, para além dos resultados financeiros diretos, como as mulheres melhoram a tomada de decisões em conselhos de administração?
É o que você entenderá neste artigo. A seguir você encontrará um cenário da participação feminina em conselhos de administração no Brasil; alguns avanços normativos para promoção da equidade; e uma pesquisa inédita que aponta, de forma clara, como as mulheres ajudam a tornar a tomada de decisão mais segura e embasada. Boa leitura.
Saiba mais
A Diversidade de gênero no conselho e sua relação com resultados financeiros e transparência
Este foi o tema do estudo apresentado pela sócia da TREE Diversidade, Letícia Rodrigues, para o Programa de Mestrado Profissional em Gestão para a Competitividade da FGV. Segundo Letícia, “o estudo pretendeu ser um dos primeiros a trazer evidências sobre a associação entre a diversidade de gênero no conselho de administração e o ESG disclosure das empresas brasileiras.” Leia a tese.
Qual é a porcentagem de mulheres em conselhos de administração de grandes empresas no Brasil?
O percentual de cadeiras em conselhos ocupadas por mulheres aumentou em mais de 50% desde 2021, o que mostra o impacto direto da agenda de DE&I que ganhou tração após 2020 no Brasil. Por outro lado, 16% das cadeiras em conselhos no Brasil são ocupadas por mulheres, em comparação com a média global de 23%, o que reforça que ainda temos um caminho longo até a plena equidade de gênero.
Agora é regra: conselhos brasileiros devem promover diversidade no board
A fim de transformar esse cenário, a B3, bolsa de valores brasileira, aprovou em 2023 o Anexo ESG para estimular a diversidade nos conselhos das empresas listadas. De acordo com as novas normas, as organizações listadas na bolsa deveriam eleger ao menos uma mulher e uma pessoa de algum grupo historicamente minorizado (pessoas pretas, pardas ou indígenas, integrantes da comunidade LGBTI+ ou Pessoas com Deficiência) para seu conselho de administração ou diretoria até 2025.
Segundo um levantamento realizado pela própria B3, até meados de 2023, 55% delas não contavam com nenhuma mulher entre seus diretores estatutários, e 36% não possuíam participação feminina no conselho de administração.
A tendência é global. Na esfera pública, por exemplo, o Senado Federal discute desde julho de 2024 a reserva de 30% das vagas de integrantes titulares em conselhos de administração de estatais para mulheres.
Pesquisa aponta que mulheres melhoram a tomada de decisões em Conselhos
A importância da participação de mulheres e demais grupos minorizados em conselhos de administração é, antes de tudo, uma questão de ESG e responsabilidade social. Se queremos reduzir as disparidades sociais da nossa sociedade, precisamos promover a equidade em cargos de liderança.
Entretanto, para além deste ponto, existem outros ganhos de performance para a organização. É o que mostrou uma pesquisa realizada nos EUA e Europa, que apontou que a participação de mulheres melhora a tomada de decisão em conselhos.
A pesquisa foi liderada por Marie Louise Mors, professora de Gestão Estratégica e Internacional na Copenhagen Business School (CBS) e que teve passagem como docente pela London Business School; e Margarethe Wiersema, professora de Gestão Estratégica na The Paul Merage School of Business, da Universidade da Califórnia.
As pesquisadoras conduziram uma série de entrevistas aprofundadas com homens e mulheres que atuam ou já atuaram em mais de 200 empresas de capital aberto nas principais bolsas de valores dos EUA e da Europa.
Mulheres preparam-se mais para as reuniões
A primeira conclusão alcançada pela pesquisa é a de que as mulheres preparam-se melhor para as reuniões. Como resultado, chegam com as perguntas que irão moldar as decisões tomadas pelo conselho.
Como apontou uma das entrevistadas, “as mulheres são como ‘abelhas operárias’, ou seja, estão sempre super preparadas e prontas para o trabalho”. A observação encontra sintonia na fala de um conselheiro entrevistado: “as mulheres diretoras estão mais preparadas e informadas para as reuniões”.
Mulheres promovem um desconforto positivo
O segundo ponto mapeado é a coragem das mulheres conselheiras em promover uma espécie de desconforto positivo. Segundo os entrevistados, é considerado falta de educação o comportamento ‘rock the boat’ – em tradução livre, sacudir o barco. Ou seja, dizer coisas que promovam desconforto. Esse comportamento acontece uma vez que as mulheres não têm vergonha de reconhecer quando não sabem algo, fazem perguntas mais aprofundadas ou vão direto ao ponto.
De acordo com um conselheiro entrevistado, que já atuou em mais de 20 conselhos no Reino Unido, EUA e Alemanha, “Eu nunca sentei em um conselho onde uma mulher não dizia nada, enquanto eu me sentei em conselhos onde os homens permaneciam calados”.
Mulheres elevam a qualidade das decisões
Como consequência dos tópicos anteriores, a pesquisa notou que a participação de mulheres conselheiras eleva a qualidade das decisões, uma vez que o debate é mais franco e profissional.
Um diretor entrevistado pontuou: “os executivos homens agora precisam estar preparados para se envolver mais nas reuniões”; e outro complementou: “os presidentes de conselho me disseram que sentem que o risco foi reduzido quando tomam uma decisão porque ela foi considerada com mais cuidado, enquanto no passado, quando eram todos homens, eles apenas olhavam para o aspecto financeiro”.
Além disso, o ambiente se torna menos competitivo, conforme pontuado por uma conselheira: “é uma atmosfera diferente quando há mais mulheres na sala… Os homens se tornam menos competitivos, e as mulheres criam uma atmosfera mais convidativa, o que abre espaço para discussão de assuntos que, de outra forma, não seriam discutidos.”
Ações para a ascensão de mulheres ao cargo de conselheiras
As descobertas mapeadas pela pesquisa sugerem que a presença de mulheres pode, de fato, melhorar a governança corporativa e levar a uma melhor tomada de decisão nos conselhos de administração.
E para aumentar a representatividade de mulheres nesses cargos, é preciso que as organizações avancem com a presença feminina em todo o pipeline, principalmente em cargos de liderança. Dessa forma, em poucos anos, conseguiremos alcançar as metas de equidade de gênero propostas.
E o caminho para isso passa por algumas estratégias de desenvolvimento de carreiras femininas. É o caso do case de sucesso ‘WiL – Women in Leadership’. O Programa de Sponsorship da PwC Brasil, em parceria com a Tree, teve como objetivo acelerar a carreira de lideranças femininas a fim de desenvolver e garantir mais mulheres no pipeline para a liderança.
O programa apoia talentos femininos da empresa que tenham alto potencial e performance consistente, que almejam se tornarem sócias da PwC e que busquem aprimorar seus pontos de desenvolvimento, sendo exemplos e inspiração para novas lideranças femininas.
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